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Mural "Petit Santô" em Santos Dumont é desfeito por conta de obra particular

Mural "Petit Santô" em Santos Dumont é desfeito por conta de obra particular

Data de Publicação: 13 de outubro de 2023 08:29:00 Artista Carla Amorim lamentou o ocorrido. Imóvel será utilizado como clínica odontológica

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 Por Peterson Escobar - Repórter...

Por cerca de dois anos, a esquina da Rua Dr. Guilherme de Castro com a Rua Vigário José Augusto, no Centro de Santos Dumont, despertou olhares de admiração e foi parada obrigatória para vídeos e fotos de moradores e turistas. O motivo era o colorido da obra "Petit Santô" da artista Carla Amorim. No entanto, o mural, realizado via Lei Aldir Blanc, foi desfeito em partes por conta de uma obra particular. 

"Uma amiga me enviou a foto e eu fiquei muito chocada. É algo que eu nunca imaginei que aconteceria e, sinceramente, dói. Eu tinha planos para revitalizá-lo e, posteriormente, até conclui-lo, porém, não deu tempo", disse a artista.

O edital é do final de 2020 e foi executado em 2021. Na época, Carla recebeu a oferta da Comissão Organizadora de alguns muros pela cidade e optou pelo local, mas informou que não sabia que a proprietária do imóvel não tinha ciência da situação. Na época, o espaço estava alugado pela Prefeitura e funcionava como Conselho Tutelar.  

"Quando eu vi que o Lactário estava sendo preparado para reforma, eu perguntei ao meu marido se em Santos Dumont havia alguma lei para preservar prédios antigos, ou se realmente quem comprasse poderia demolir, e/ou tirar o aspecto original do prédio. Há o plano diretor na cidade, mas ele não protege o que há de antigo nela, só os bens tombados. Isso é triste, porque o dinheiro está corrompendo a nossa identidade histórica. É um sentimento de vazio, de tristeza, de saber que vou passar por ali e ele não estará mais lá", comentou.

O Petit Santô foi a primeira obra autoral de Carla Amorim e foi uma homenagem a Alberto Santos Dumont. A reforma no imóvel começou há cerca de um mês e desfez parte do mural justamente no ano em que se comemora o sesquicentenário do inventor brasileiro.

"Isso me faz pensar em quanto a cultura em nossa cidade precisa de investimento pois temos um potencial enorme para ser uma cidade turística, temos pertencimento, porque sabemos de onde nossa cidade nasceu, é uma riqueza histórica imensa. E ver o muro ser destruído, ou retirado, em pleno sesquicentenário do Alberto Santos Dumont me leva a pensar "onde foi que nós erramos?", desabafou Carla.

O mural, de acordo com a artista, foi material de estudo de alunos do IF Sudeste, o que serve de orgulho para Carla.

"Essa é a memória que precisamos preservar em nossos jovens estudantes. A gente só ama o que conhece, e só preserva o que ama", finalizou.

Renan Souza, atual chefe do Departamento de Cultura, lamentou a perda da obra. Como ele não estava à frente do departamento na época do edital, não pôde entrar em detalhes sobre as escolhas naquele momento.

Clínica odontológica

Como o imóvel é particular, o novo locatário teve a necessidade de fazer intervenções na estrutura para se adequar às exigências da Vigilância Sanitária, já que o objetivo é construir uma clínica odontológica no local. 

"Eu não tinha informação nenhuma sobre a pintura. Aquele muro é impossível de se manter, ele é muito velho, as placas estavam até esfarinhando. Além disso, no local do muro é a parede das salas externas que vão ser destinadas a lixo contaminado e ao compressor, que são exigências da Vigilância Sanitária. Então é um muro muito velho, naquela área realmente precisamos mexer, agora na outra restante a gente até vai tentar manter, passar uma massa", disse o novo locatário. 

Na época da pintura, a dona do imóvel não foi consultada sobre a realização do mural. No entanto, o locatário reforça que mesmo assim, a derrubada do muro só foi feita pela necessidade de se adequar à Vigilância.

"A gente está à disposição para conversar com a artista e explicar pra ela a situação. Estamos à disposição dela se quiser fazer a obra em outro espaço, será um prazer", afirmou o dono da obra.  

 

Fotos: Peterson Escobar / Arquivo pessoal

 

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  2 comentários

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Comentário

Dois gatos graves no mural; se o mural vai dá esquerda para a direita o 14 BIS estaria voando de costas e muito infantil colocar uma casa na frente da Torre Eifel que por sua vez, a Torre Eifel poderia ter no mínimo semelhanças. Desculpe mas, melhor apagar por inteiro pois é um grande desrespeito a história.

Desculpe mas além de ser a primeira obra da artista, da obra não ser algo ESPETACULAR, pelo contrário fácil de ser suplantadas por artistas profissionais ela acha que deveria ser tombado ??? Quando ela diz que queria revitalizar a obra e que posteriormente até "CONCLUIR" deixou claro que se passaram quase quatro anos e a obra não estava pronta. Que o "DINHEIRO ESTA CORROMPENDO"... nem igreja se fazem afrescos ou pinturas ao tempo. Chuvas, ações de animais, crianças que passam as mãos e até pessoas que resolvem pintar em cima ou escrever mensagens podem acontecer pois está na rua. Acho que está entrevista está totalmente lotada de "orgulho e preciosismo". A distância, aí sim, sentimos .muito pelo fechamento da CASA DE CABANGU e que recebeu investimentos finalmente.