Feriado de Tiradentes: a história do mártir da Inconfidência Mineira
Data de Publicação: 21 de abril de 2025 10:17:00 Portal 14B: Quem é Joaquim José da Silva Xavier, que morreu enforcado em praça pública, no Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1792? Conheça o herói nacional celebrado no feriado desta segunda-feira (21)
Por Estadão...
Quando nasceu, em 1746 (o dia exato ninguém sabe, já que o primeiro documento oficial dele é do batismo, em 12 de novembro), em uma fazenda de Minas Gerais (hoje no município de Ritápolis), Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, não tinha motivos para reclamar. Seu pai era um português dono de terras e de ao menos 35 escravos, a família explorava a mineração e não lhe faltava dinheiro. Era o quarto filho do casal, e depois dele nasceram mais três. Mas, quando Joaquim tinha nove anos, sua mãe morreu.
O pai se mudou com os filhos para a vila mais próxima, São José Del Rei, mas apenas dois anos depois também morreu. Órfão de pai e mãe aos 11 anos, Joaquim passou a morar com seu tio e padrinho, Sebastião Leitão, que era cirurgião-dentista. Sem idade nem conhecimento para cuidar dos negócios da família, Joaquim e seus irmãos perderam os bens.
Joaquim não frequentou a escola – em vez disso, trabalhou como mascate, minerador, farmacêutico e, com o tio, aprendeu o ofício de dentista. Já adulto, fez fama extraindo dentes e fabricando coroas dentárias em marfim e osso de boi. Daí veio o apelido pelo qual ficaria conhecido e seria declarado herói nacional: Tiradentes.
Na década de 1770, usando seus conhecimentos de mineração, tornou-se técnico no reconhecimento de terrenos e na detecção de recursos naturais exploráveis e passou a trabalhar para o governo – de Portugal, porque na época o Brasil era colônia lusa.
Em 1780, alistou-se na tropa de Minas Gerais e foi incumbido de patrulhar o Caminho Novo, como era conhecida a estrada entre Ouro Preto (à época Vila Rica) e o Rio de Janeiro. A via era importante porque por ali o ouro e outros minerais extraídos em Minas eram levados até o Porto do Rio, de onde embarcavam para a Europa.
Insatisfeito com a carreira militar por nunca ter conseguido promoção, em 1887 - sete anos após ingressar nela, seguia sendo alferes – Joaquim se licenciou da corporação e foi morar no Rio, onde viveu durante um ano.
Paralelamente à vida de Joaquim, o Brasil seguia sendo explorado pela família real portuguesa. Depois do pau-brasil e de outros produtos, em Minas era o ouro que rendia dinheiro aos europeus. Em 1711, o governo português estipulou que um quinto (20%) do ouro extraído do Brasil deveria lhe ser entregue, como tributo.
Esse sistema ficou conhecido como “quinto”. Depois foi a “derrama”: estabeleceu-se que o quinto nunca deixaria de corresponder a menos de 100 arrobas, que correspondem a 1.500 quilos de ouro. Então, qualquer que fosse a quantia de ouro extraída, o tributo devido correspondia a no mínimo 1.500 quilos.
A derrama só foi colocada em prática mesmo uma vez – em outros anos a dívida se acumulava, mas não era cobrada. No entanto, eram cada vez mais fortes os boatos de que o governo português passaria a ser intransigente. Tais boatos, junto com fatos externos como a independência dos Estados Unidos, em 1776, incentivaram um grupo de moradores de Minas a planejar a independência daquela região.
O movimento começou a ser organizado nos anos 1780 por pessoas bem sucedidas, como o tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade e os poetas Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Alvarenga Peixoto. Junto deles estava Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, menos rico, muito crítico de Portugal e bastante animado com a ideia da independência.
A revolta estava programada para quando houvesse a derrama naquele ano de 1789. Mas antes disso, em março, os inconfidentes foram delatados às autoridades pelo coronel Joaquim Silvério dos Reis e outros dois homens, em troca do perdão de suas dívidas com o governo português.
Tiradentes estava no Rio de Janeiro e se escondeu na casa de um amigo de uma tia de Alvarenga Peixoto, na rua dos Latoeiros, atual Gonçalves Dias, no centro. Foi de lá que, em 10 de maio de 1789, Tiradentes saiu preso. Levado à ilha das Cobras, ele permaneceu detido em uma fortaleza da Marinha por exatos 1.072 dias, quase três anos. Nesse período foi julgado e condenado à morte pelo crime de lesa-majestade, ou seja, traição contra o rei de Portugal.
Outros inconfidentes, também presos, foram condenados ao degredo (exílio) ou à morte. Por fim, nove condenados à morte foram perdoados pela rainha de Portugal, Maria I, e tiveram que se submeter ao degredo, menos Tiradentes, cuja pena de morte foi mantida. A mudança que Maria I, mãe de Dom João VI, fez na sentença foi excluir as torturas previstas para antes do enforcamento.
Em 17 de abril de 1789, aos estimados 45 anos, Tiradentes foi transferido da Ilha das Cobras para a Cadeia Velha, que funcionava onde hoje existe o Palácio Tiradentes, ex-sede da Câmara dos Deputados, quando o Rio era capital federal, e ex-sede da Assembleia Legislativa do Rio, na região central. Quatro dias depois, na manhã de domingo, 21 de abril, Tiradentes foi tirado da cadeia e levado em procissão até o Largo da Lampadosa, atual praça Tiradentes. Ali foi lida a sentença – a leitura demorou horas – e finalmente o inconfidente foi enforcado.
Depois foi esquartejado e teve partes do corpo espalhados pela estrada que ligava o Rio a Minas. Sua cabeça foi fincada numa estaca e exposta em Vila Rica (atual Ouro Preto), de onde desapareceu após três dias.
A morte não transformou Tiradentes em herói imediatamente. Durante mais de 80 anos, sua história permaneceu praticamente esquecida. Com o início da defesa do fim da monarquia, na década de 1870, o inconfidente foi resgatado como símbolo da causa republicana.
Em 1890, dois meses após a Proclamação da República, Marechal Deodoro decretou feriado em 21 de abril em homenagem ao herói nacional. Em 1946 Tiradentes passou a ser considerado patrono das polícias. Em 1965, no governo militar de Castello Branco, passou a patrono da nação brasileira, e em 1989 tornou-se herói da pátria.
Fotos: Reprodução

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