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Produção de Queijo Minas Artesanal se torna Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade

Produção de Queijo Minas Artesanal se torna Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade

Data de Publicação: 6 de dezembro de 2024 10:03:00 Portal 14B: Título foi anunciado pela Unesco na última quarta-feira (4)

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Não está mais só no gosto dos mineiros. Agora, os modos de fazer o Queijo Minas Artesanal (QMA) são oficialmente considerados Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O anúncio foi feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na manhã da última quarta-feira (4).

Com três séculos de história, o Queijo Minas Artesanal é um velho conhecido na mesa dos mineiros, e é justamente a importância dele no cotidiano que alegra o jornalista e especialista em queijos Eduardo Girão neste momento de celebração.

“Ele tem uma relação muito íntima com muita gente e é feito praticamente no Estado inteiro. Ele fala muito ao coração das pessoas e faz parte da vida delas. Não é um item de luxo ou algo muito distante da nossa cultura, que valorizemos porque é raro. As pessoas estão habituadas, e isso é muito especial. É o modo de fazer de um produto da mesa delas sendo 'patrimonializado'”.

O Queijo Minas Artesanal é um tipo que só pode ser produzido no Estado para ser reconhecido oficialmente dessa forma. Ele leva apenas quatro ingredientes: leite cru (que precisa ser das vacas da propriedade), sal, coalho e pingo, que é o restante de produção dos queijos anteriores, carregado com bactérias benéficas. Já as denominações Queijo Canastra e Queijo do Serro, por exemplo, são o “sobrenome” dos produtos e indicam a região onde foram produzidos.

Além de simbólico, o título pode dar impulso comercial à produção em Minas. A novidade foi comemorada pelo governador do Estado, Romeu Zema, no X.

“É nosso e tá conquistando o mundo inteiro! Os modos de fazer o Queijo Minas Artesanal agora são Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco! Uma tradição dos nossos produtores de queijo que há mais de 300 anos nos enche de orgulho e gera emprego e renda pros mineiros”, escreveu.

O QMA é o tipo de queijo artesanal mais produzido no Estado. A produção concentra-se em pequenas propriedades rurais, com receitas familiares de décadas e até séculos de história. Hoje, 15 regiões mineiras produzem queijos artesanais sem qualquer industrialização. Dessas, dez produzem o QMA: Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Diamantina, Entre Serras da Piedade ao Caraça, Serra do Salitre, Serras da Ibitipoca, Serro e Triângulo Mineiro.

Uma das produtoras é Maria Lucilha de Faria, de São Roque de Minas, na região do Alto São Francisco, aos pés da Serra da Canastra. Ela é da quinta geração da família na produção, e hoje encabeça a marca Pingo de Amor, internacionalmente premiada.

“Esse reconhecimento veio para nos enaltecer naquilo que sabemos fazer, a cultura dos nossos ancestrais”. Ela destaca que a produção diária de 35 a 40 queijos em sua propriedade é uma empreitada de família. “A rotina na roça começa por volta das 6h. Meu esposo cuida da alimentação do gado, minhas filha me ajudam na produção, eu fico no queijo e tenho um único funcionário, que cuida da ordenha”. Em BH, queijos da Pingo de Amor podem ser encontrados em lojas do Mercado Central.

O especialista em queijos Eduardo Girão completa que o dia é de “jogar confete” para o QMA, mas também de cobrar ainda mais incentivos públicos à produção. “Há produtores que não conseguem se regularizar e têm mil dificuldades, como a falsificação, o transporte inadequado do produto e falta de mão de obra. Não digo que o Estado não faça seu papel, mas uma chancela internacional como a da Unesco joga um peso considerável nas costas dele. Ele deve sentir isso e continuar a cuidar bem e estimular que o QMA tenha um caminho mais suave”, diz.

O chef Caio Sotter, do restaurante Pacato, em BH, serve um menu especial dedicado ao QMA, batizado como “Queijo: Vida e Tempo”. Apaixonado pelo ingrediente, ele avalia que o reconhecimento da Unesco valoriza toda a cadeia produtiva.

“Acho que os produtores terão mais respaldo para vender, conseguir cobrar um preço mais interessante e reverter isso em treinamento e melhorias na fazenda, melhorias no processo produtivo. A cadeia toda ganha muito com isso. Acredito que o anúncio tem potencial para ampliar o consumo, porque todas essas chancelas, como quando algum queijo ganha um prêmio, fazem com que os consumidores queiram consumir mais”.

Foto: Léo Bicalho / Divulgação

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