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Esquema de pirâmide financeira envolvendo empresa de crédito é descoberto em Santos Dumont

Esquema de pirâmide financeira envolvendo empresa de crédito é descoberto em Santos Dumont

Data de Publicação: 2 de agosto de 2022 10:12:00 Estima-se que até o momento mais de 50 pessoas foram vítimas do golpe. Prejuízo gira em torno de R$ 1 milhão, até o momento, diz advogado

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 Por Isabella Sad - Repórter

 

Um esquema conhecido popularmente como 'pirâmide financeira' foi descoberto em Santos Dumont. Suspeita-se que pelo menos 50 pessoas teriam caído no golpe.

A reportagem do Portal 14B conseguiu entrar em contato com duas famílias que se dizem vítimas da situação, arquitetada por uma então funcionária da empresa de crédito pessoal Crefisa.

As duas pessoas ouvidas pela reportagem estão sendo representadas pelo escritório de advocacia Leandro J. Fernandes. Segundo informações fornecidas pelo escritório, além destes dois casos que serão contados, o local representa mais 12 clientes que suspeitam de terem sido vítimas do golpe.

O advogado Leandro Fernandes informou ao Portal, que mais outras 40 pessoas podem ter sido vítimas do esquema, já que elas procuraram o escritório com reclamações similares às dos clientes atendidos.

Os clientes do advogado afirmam que a então funcionária da Crefisa, realizou empréstimos nos nomes das vítimas sem consulta e sem autorização dos mesmos.

Segundo estimativas de Leandro, acredita-se que o prejuízo total aos clientes seja por volta de R$ 1 milhão, até o momento.

O esquema começou a ser descoberto, após as parcelas dos empréstimos começarem a ser descontadas da conta das vítimas, em meados dos meses de outubro e novembro de 2021. 

Por que pirâmide financeira?

No entendimento do advogado, o conceito de pirâmide financeira se aplica a este caso, pois, acredita-se que tudo começou primeiramente com uma vítima. A funcionária realizou o primeiro empréstimo e quando este foi descoberto, ela fez mais dois para cobrir o primeiro. 

Porém, quando os empréstimos seguintes também foram descobertos, ela realizou mais quatro empréstimos para cobrir estes dois anteriores e assim por diante.

Conheça o caso de duas famílias que foram prejudicadas por este esquema

Dayvisson Barcelos, filho de uma das vítimas 

Uma das primeiras pessoas a desconfiar do golpe foi o bombeiro militar, Dayvisson Barcelos, de 38 anos. No caso, a vítima foi o pai do rapaz, um bancário aposentado, de 73 anos de idade. 

Dayvisson afirma que a funcionária fez um empréstimo no valor de R$ 20.000,00 no nome de seu pai e, no decorrer dos meses, um valor era descontado da aposentadoria dele para o pagamento das parcelas. 

"Tudo começou a ser descoberto a partir do momento que eu fui instalar um aplicativo de banco no celular dos meus pais, para evitar que eles fiquem enfrentando filas", conta.

Segundo Dayvisson, quando conseguiu 'logar' na conta deles, ficou impressionado com a quantidade de empréstimos encontrados.

Ao questionar os pais sobre o que estava acontecendo, o rapaz foi informado que algumas cobranças indevidas começaram a ser descontadas e quando eles procuraram o banco para esclarecimentos, viram que tratava-se de uma cobrança da empresa Crefisa. 

Quando a família procurou a empresa, foram atendidos pela própria funcionária suspeita de cometer o crime, informando-lhes que havia ocorrido um erro no sistema e que o problema logo seria resolvido.

Dayvisson conta que a funcionária pediu aos seus pais que fossem até a financeira para receber o dinheiro em mãos, no caso o valor que estava sendo descontado da folha de pagamento deles. 

"Acontece que nunca bateu a quantidade de desconto com o pagamento dela. Isso quando ela pagava. Era aproximadamente R$ 2.000,00 descontado todo mês", constatou.

Ainda conforme o militar, quando seus pais iam até a empresa pra receber este montante com a funcionária, recebiam cerca de R$ 600,00 a R$ 800,00. Valor distante da quantia descontada, sempre com a promessa que o restante seria pago na próxima semana. 

Porém, a promessa era postergada, até que chegou um ponto que os pais de Dayvisson tiveram que fazer um empréstimo em outro local, para quitar as contas da casa.

Keli Dias de Andrade, neta de outra vítima 

Outra família que também se diz vítima desse esquema é da sandumonense Keli Dias de Andrade. No seu caso, o empréstimo foi realizado no nome de sua avó, uma senhora viúva de 86 anos, que recebe aproximadamente um salário mínimo e meio por mês.

Segundo a neta, quando foi receber o pagamento da vó, em novembro do ano passado, percebeu que estava sendo descontadas duas parcelas da Crefisa no valor de R$ 209,00. Ao questionar a funcionária da empresa de crédito sobre o que estaria acontecendo, veio a mesma justificativa dada à outra família: que havia tido um erro no sistema e que o valor seria reembolsado.

A funcionária pediu então que Keli voltasse na financeira no prazo de 15 dias para receber um montante do total devido à idosa, uma quantia de R$ 1.500,00. 

De acordo com Keli, quando foi até a empresa, recebeu o valor de R$ 400,00 com a promessa de que em mais alguns dias o restante seria reembolsado. 

No entanto, Keli relata que a conversa é sempre a mesma e até julho de 2022 o empréstimo não solicitado continua sendo descontado da conta de sua avó.

De acordo com o advogado Leandro, todos os clientes que foram citados acima na matéria esperam que, no mínimo, o valor que vem sendo debitado das contas todos os meses seja ressarcido pela Crefisa. Eles também esperam que a funcionária denunciada responda por seus crimes na Justiça.
 

Caso está sendo investigado pelo Polícia Civil

O esquema está sendo investigado pela Polícia Civil. De acordo com o advogado das vítimas, o caso está sob responsabilidade do delegado Milton Cunha.

A reportagem tentou entrar em contato, durante uma semana, diretamente com o delegado responsável pelo caso, mas não obteve sucesso. A informação é de que ele estaria fora da cidade. 

Uma entrevista foi agendada com o Portal 14B para mais detalhes sobre o caso.

O que diz a Crefisa?

Como o caso envolve uma empresa que está localizada no centro de Santos Dumont, a reportagem foi até o local conversar com o responsável pela financeira no município. Porém, o mesmo não tem autorização para comentar sobre o caso ou fazer qualquer tipo de declaração em nome da Crefisa. Ele ainda informou que nestes casos, somente o setor regional pode responder.

Em contato com a Crefisa regional, foi solicitado o envio de um e-mail para o setor responsável. Após uma semana do envio, também não houve resposta.

A apuração da notícia continua e mais informações serão comunicadas a qualquer momento no Portal 14B.

 

 

Fotos: Isabella Sad

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