O Conselho Municipal de Direitos do Idoso e Aposentado está prestes a ser reativado em Santos Dumont. Pelo menos essa é a intenção do grupo que se reuniu na manhã desta sexta-feira (9), no prédio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no centro da cidade. Entre as cerca de 20 pessoas, estiveram presentes idosos atuantes em diversos ramos da sociedade, integrantes dos Conselhos de Educação, Saúde, Criança e Adolescente, entre outros. O único representante da Prefeitura foi José Lúcio de Almeida, o chefe de gabinete do prefeito,  já que Simone Mendes, chefe da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate às Drogas, informou estar em um compromisso fora da cidade.

Na reunião, que durou cerca de 2h, foi montada uma comissão de cinco pessoas que ficaram encarregadas de elaborar os editais e organizar o chamamento de outros membros e entidades da sociedade civil para participar e eleger a nova composição do conselho. Em Santos Dumont, o Conselho do Idoso está desativado desde 2017. Na época, grande parte dos arquivos e documentos da organização foram perdidos em um incêndio no prédio que funcionava a Assistência Social. Em novembro de 2019, houve uma tentativa de reavivar o conselho, mas reuniões foram adiadas e logo em seguida a pandemia voltou a frustrar os planos dos interessados.

Ana Dielle, advogada e integrante do Conselho Municipal de Saúde, é uma das pessoas empenhadas na reativação do Conselho do Idoso. A advogada falou sobre os próximos passos do grupo:

"A intenção agora é reestruturar o Conselho porque é importante pra cidade, é importante pro idoso. A trajetória deles precisa ser reconhecida. A ideia é facilitar, eu fiz uma minuta de uma Portaria para a promulgação de um Decreto que cria uma comissão de organização do Conselho Municipal de Direito do Idoso e Aposentado para providenciar toda a documentação necessária. Hoje não existe registro de ata no Cartório de Registro de Documentos, não tem CNPJ. São essas coisas que vão propiciar o envio de verbas para a realização das atividades. Vamos regularizar toda essa parte, montar o estatuto, editais para as pessoas virem e se candidatarem às chapas", explicou.

Joel Dias Paulino foi um dos idosos que fez questão de estar presente. O aposentado de 68 anos fez parte do Conselho no passado e acha fundamental a reativação da organização: "Fui presidente da associação de bairros, sempre me doei intensamente, eu quero é lutar mais. Uma cidade que não olhar para os seus idosos está tendendo ao fracasso. Temos que tirar aprendizado do passado pra não errarmos no presente. Isso vai ser fundamental para voltarmos com mais ímpeto, o Conselho é uma voz para os idosos" disse.

Joel também comentou sobre as dificuldades da terceira idade durante a pandemia: "Esses últimos tempos têm sido sombrios para os idosos. O fato de não poder sair de casa por causa da pandemia nos tocou muito, vários adoeceram. Muitos ficaram sem afeto, sem carinho, não pudemos trocar experiências e histórias, isso tudo causa um abalo", disse.

Durante a reunião, uma demanda quase unânime dos idosos foi a falta de diálogo e parceria da Prefeitura, que segundo os idosos, não os recebia nem atendia as demandas passadas. José Lúcio de Almeida, chefe de gabinete do prefeito, se colocou à disposição para resolver o problema.

"Vi que a demanda deles é extensa, porém muitas das vezes isso não chegou até mim. Desde fevereiro, quando me tornei chefe de gabinete, não fui procurado. Mas estamos aqui dando todo o apoio aos Conselhos, e no que depender de nós estamos de portas abertas para trabalharmos juntos. Eu falo que temos que um ajudar o outro, ninguém faz nada sozinho, vamos procurar atender e ajudá-los", disse. 

Projetos e propostas de ações para a classe

Embora haja diversas questões burocráticas no caminho a serem resolvidas, o Portal 14B conversou com Ana Dielle sobre as medidas que poderão ser colocadas em prática quando o Conselho estiver apto para funcionar. A advogada revela algumas ideias que serão postas no papel em breve. A maioria das atividades passam diretamente pela reativação do Fundo Municipal de Promoção ao Idoso (FUMPI). 

"Tendo a situação dos fundos regularizada podemos desenvolver diversas atividades como ginástica, passeios, uma assistência mais próxima pra um idoso acamado, uma assistência social mais efetiva".

Ana continua: "Tenho a ideia da existência da Casa do Idoso, um lugar onde ele possa frequentar durante o dia e tenha todo o acompanhamento de enfermagem, psicológico, assistência social. O idoso é muito sozinho, muito carente e eles gostam de contar as histórias do passado, tem muita sabedoria. Seria uma oportunidade de integrá-los com as crianças, um lugar onde essas crianças também pudessem frequentar e aprender o respeito ao idoso"

A advogada que, por conta da experiência profissional, tem contato direto com esse público expõe alguns casos: "Aqui falta muita coisa, acessibilidade, por exemplo. Tivemos o caso onde um idoso fez uma cirurgia de rim e teria que vir da viagem deitado, mas teve que vir sentado numa van. Isso não pode acontecer, tem que ter respeito. Tem os casos de empréstimos em bancos que familiares ou pessoas próximas se aproveitam", aponta.

Além disso, Ana ressalva a possibilidade de convênios: "Principalmente com as Faculdades, que precisam participar efetivamente na sociedade. Por exemplo, os alunos de enfermagem podem prestar uma assistência, os alunos de direito podem prestar auxílio nessas questões dos empréstimos. O MEC determinou que os estudos se voltem para a comunidade, isso seria muito importante aqui".

Fotos: Peterson Escobar