Nossa terra, nossa gente e nossas histórias
Data de Publicação: 15 de junho de 2021 14:18:00 Deoclides Santos, o Doquinha, relembra os fatos e as personalidades que marcaram época em Santos Dumont
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Por Doquinha - Colunista
A partir desta semana o Portal 14B conta com um novo colunista no seu time de colaboradores. Deoclides dos Santos Pinto Neto, mais conhecido como 'Doquinha', inicia sua participação em nosso Portal com a coluna "Nossa terra, nossa gente e nossas histórias", relembrando pessoas e fatos que marcaram a história de nossa cidade.
Nilce Volpi Campos (Cici Bilheteira do Cine Vitória)
Uma personalidade que não podemos esquecer é Dona Cici. Como não se lembrar desta grande mulher? Que serve de exemplos para todos. Uma simpatia que nunca vi igual, sempre pronta para ajudar a todos, mesmo a quem não conhecia. A rapidez era uma de suas características marcantes, estava sempre correndo. Andava tão rápido que as pessoas não conseguiam acompanhar seus passos. Tinha, também, o hábito a leitura.
Sentada na bilheteria do Cine Vitória seus dedos criavam asas, para dar conta de vender os ingressos das sessões, que chegavam a dar filas enormes nas sessões de 15h, 18h e 20h nos finais de semana. Muitas vezes eu e meus amigos, sem dinheiro para comprar o ingresso, esperávamos na porta para que ela nos colocasse para dentro de graça. Quantas vezes seu Angelo Boza nos pegou entrando e fazia de bobo. Ótimos tempos! Essa é mais uma personalidade de Nossa Terra, sempre sorridente e simpática. Fica aqui nosso registro carinhoso a Dona Cici.
José Raymundo Bandeira – Jornalista Bandeira
Este foi um Palmirense de coração, que por toda sua vida trabalhou no comércio, a princípio como funcionário, e com muita dedicação conseguiu seu próprio negócio. Bandeira, quando o conheci, já era um jornalista atuante em Santos Dumont. Em Nossa Terra escreveu em quase todos os jornais.
Foi amado na maioria das vezes em suas crônicas politicas e às vezes trazia o temor com suas palavras verdadeiras impressas em algum semanário. Tive a honra de conhecê-lo e de bater longos papos com esta personalidade que sempre estará vivo em nossas lembranças e nossos corações. Amava o seu “De Palmyra que conheci a Santos Dumont que vi nascer”, sendo este um trabalho rico da história de Nossa Terra, com mais de 250 histórias por ele escritas, as quais contavam a história de Palmyra a Santos Dumont.
Obtinha um acervo rico de memórias de nossa terra. Vivia eu a brigar com ele que este material precisava ser resgatado para que se tornasse um livro, e ele me contradizia dizendo “Doquinha isto não vale nada, só você da valor as minhas memórias”.
Eu morando na rua João Gomes e ele na esquina da 13 de Maio, um dia saindo de casa pela manhã para ir em sua residência me encontrei com Dr. Pacifico e desci a rua com ele contando sobre a minha vontade de resgatar as historias escritas por Bandeira. Já acostumado com seu jeito, disse para mim “Ótima ideia! Vou lá com você na casa dele".
Lá chegando ficou numa alegria tamanha ao nos ver e começamos a discutir sobre a ideia do livro, papo vai, papo vem, no final ele disse: “Pois bem Pacifico, vou autorizá-lo a começar a pesquisa das matérias.”inclusive chamou sua companheira Maria e disse para pegar uma grande caixa e colocou sobre a mesa e disse: “Pode começar seu trabalho, já que você acha importante.”. Daí para frente comecei as pesquisas e a digitar de novo matéria por matéria, com a ajuda de Rita Fontes em um trabalho que durou aproximadamente três anos.
Neste período, nosso querido Bandeira veio a falecer e não consegui publica-lo por alguns entraves. Sei que foram inúmeras páginas, a primeira boneca a entrar na gráfica com o apoio da Adesan. Posso afirmar que este grande homem deixou um enorme legado e buscarei um dia homenageá-lo com esta publicação “De Palmyra que conheci a Santos Dumont que vi nascer”.
João Dornellas Alvim, João Botafoguense
Este fez história em Nossa Terra e contava muitas histórias. Muitos vão lembrar do Sr. João com a mercearia de guloseimas na rua 13 de Maio. Era ele um senhor simples, carismático e de um sorriso largo, como sua querida filha Jane, da biblioteca. Seu João quase todos os dias tinha que aguentar nossa turma em sua mercearia; eu, Edvaldo, Marcos Abreu e tantos outros moleques da região. Bastava ganharmos algumas moedas para fugirmos para lá, torrávamos tudo em doces e balas. Ele ficava numa alegria tamanha e começava a contar seus casos para nós, era muito divertido.
Um dia descobrimos uma coisa, um tanto interessante, e passou a ser nossa diversão sem malicia. Ele sempre usava calças a cima da cintura, mas descobrimos que quando pedíamos algum doce que ficava na parte de baixo da prateleira, ele se curvava para pegar e soltava um “bum” e isto passou a ser nossa diversão. Nós tão pouco que o apelidamos de “Seu João peidorreiro”, com todo respeito, pois não havia maldade. Acredito eu, que nem ele sabia do apelido. Que saudade desse botafoguense de coração que a todos tratava com respeito e de seu sorriso largo. Fica aqui minha homenagem a mais um grande homem que ajudou a escrever a História de Nossa Terra.
Raphael Jorge Couri, Sr. Ieie
Personalidade querida de Nossa Terra. De uma família de treze irmãos, que via sem muito unidos. Sr. Ieie jogou no Mineiro de Santos Dumont desde os seus 14 anos, como meia direita. O esporte se mostrava como sua paixão.
Por volta dos 30 anos adoeceu, ficando paralitico. Aos poucos foi se recuperando, mas do joelho para baixo não teve os movimentos recuperados. No entanto, com sua garra buscou se ocupar de uma grande habilidade para trabalhos manuais e desenhos. Fez, também como Zé Careca, muitos desenhos para os Carnavais.
Era muito amigo de minha família, pois morava na rua Fagundes em frente aos meus familiares. Vim ter contato com ele já no Casarão próximo ao hospital, onde socorria a muitos alunos com seus trabalhos de escola, inclusive a mim. Assentava com ele em um galpão imenso, onde exercia sua arte e enquanto ele fazia as capas para meus trabalhos, batíamos muito papo. O que era muito divertido e com um alto astral. Às vezes gritava sua esposa Dona Zezé e pedia para nos trazer um cafezinho de duas mãos, eu moleque adorava.
Sr. Ieie por algumas vezes tomou porres animados em sua cadeira de rodas, rodeado por seus amigos e familiares, gostava também de jogar um baralho. Sua paixão pelo futebol se demonstrava em seu amor por seu time de coração, Vasco, esse era vascaíno doente. Até hoje somos amigos de sues filhos e familiares. Este é mais um sandumonense que deixou um grande legado a Nossa Terra.
Sonia Vieira Marques
Esta personalidade de Nossa Terra que hoje descrevo em minhas humildes palavras que me chamava muita atenção quando eu saía da aula no Colégio Vieira Marques. Lá estava ela na varanda de sua casa com aquele jeito meigo e carinhoso a atender as pessoas que em seu lar batia.
Era raro vê-la sozinha no jardim, sempre rodeada por pessoas simples, assentados no banco da varanda ou pelos jardins. Com o passar dos tempos fui descobrindo o seu carinho e atenção com os mais necessitados que a procuravam para tomar um cafezinho de manhã e até mesmo para almoçar. Atendia a todos com esse jeito meigo, que já mencionei no início. Descobri que algumas figuras que já escrevi uma singela crônica eram as mesmas que sempre a procuravam como: Come Quieto, Leitoa, Cabeça de Malha, Dona Romana e seu neto Zé Careca e tantos outros.
Dona Sonia dedicou em Nossa Terra muitas obras de assistência social com todo seu coração e afeto, mesmo tendo ela uma família muito bem constituída de oito filhos, mais seu esposo, Dr. Amir do Colégio Santos Dumont. Todos eles seguiram os passos de sua mãe no carisma e atenção aos que mais necessitavam.
Foi ela uma mulher dinâmica, professora, zeladora do Lar e ainda tinha como lazer a paixão de pintar seus quadros. Tem uma passagem dela muito emocionante e tenho certeza que repetiu com muitos. Quando alguém querido se despedia da Terra, pedia a sua filha Soninha que levasse de seu jardim uma orquídea para colocar nas mãos da pessoa falecida. Esse gesto generoso ela prestou quando minha querida irmã Cleide partiu. Jamais me esquecerei desse ato de carinho. Essa é uma personalidade que a todos atendia independente da classe social ou econômica. Seu legado é para ser registrado nestas simples crônica escrita com muito carinho.
José Barbosa do Carmo (Barbosa Alfaiate)
Outra figura de Nossa Terra. Meu pai, José Barbosa, conhecido por todos como Zé Tustão ou Barbozinha. Foi alfaiate por décadas em Santos Dumont. Meticuloso e exigente em seu ofício. Muito me enche de orgulho o reconhecimento de tantos clientes que ele fazia seus ternos para casamentos e outras festividades. Lembro o dia em que Dr. Celso Vieira Marques me convidou para ir até sua casa a modo de ver o terno que meu pai tinha feito para ele casar.
Ademais, a visita do saudoso Roseny Ladeira em minha casa para me mostrar o seu terno de casamento feito pelo Barbosa. E tinha até a etiqueta da alfaiataria. Quando moleque quantos ternos levava até as casas de seus clientes e amigos. Como Tannus Abud, Dr. Celso e Dr.João Nassarala. Deste ultimo há uma passagem, até engraçada, meu pai me chamou e disse: “Leve este terno na casa do Dr. João Nassarala, mas não se assuste, pois ele pode estar dentro da piscina de terno”. Achei super estranho, mas ao entrar em sua residência ele estava mesmo
dentro da piscina e de terno fazendo conserto. Vazia, é claro!
Lembro muito de seus amigos inseparáveis, Sr. Salim, Tannus Abud, Nilo Costa e outros tão queridos quanto. Meu saudoso pai é lembrado ainda por alguns pelo seu jeito tranquilo de andar, sempre com os braços para trás e pelo tamanho da unha de seu dedo mindinho, a qual usava para fazer a marcação dos tecidos.
Lembro, ainda, de sua bondade em fazer camisas e shorts para aqueles que necessitavam. Contador de anedotas e que de tudo sabia, curtia o Sr. Alipio no famoso bar Cruzeiro, onde no final das tardes encontrava com seus amigos para um cafezinho e um bom bate papo. Este é mais um que ajudou a escrever a história de Nossa Terra ao lado de sua amada Yêda Meirelles Pinto que costurou agasalhos de graça para as crianças carentes do Lactário de Jesus, junto com a saudosa Herminia Chaves Pedro.
Francisco Cunha e Souza, Professor Cunha
Tenho a certeza que uma grande parte dos leitores irá lembrar-se desta personalidade, pois há décadas esteve à frente de um dos principais centro de educação em Nossa Terra, o Colégio Pio X, situado na rua Afonso Pena, onde hoje está instalado o Colégio Apogeu. Professor Cunha foi um excepcional mestre da língua portuguesa, matéria que trazia um grande temor aos alunos, principalmente nas conjugações verbal.
Por sua exigência na matéria e que não era de muito agrado da maioria dos alunos que encontravam muitas dificuldades em assimilar a disciplina. Isto acabou formando uma imagem do professor Cunha como se fosse um homem ríspido e muito exigente em suas aulas. Como proprietário e Diretor do colégio, o professor Cunha não fugia muito a regra na disciplina ao extremo chegando a dar boas correções, “castigos“, em seus alunos mais inquietos, inclusive no seu filho Pepepi e ao meu irmão Zezé da Banca.
Por este jeito durão e cobrador de ser, muitos pais escolhiam seu colégio pelo nível de educação escolar e como na questão da preparação dos jovens para uma boa formação para a convivência e inserção social. Professor Cunha e sua esposa na época Tia Totonha, foram grandes amigos de meus pais Barbosinha e Yêda, por isto o conhecemos um pouco mais e posso afirmar que fora de sua escola era uma outra pessoa, muito agradável , brincalhona e de boas piadas. Como gostava de encontrar com seus amigos para bater uma boa prosa.
Em meus registros não poderia deixar de resgatar esta personalidade que fez muito pela educação em nossa Santos Dumont e com certeza são muitos os que o agradecem até hoje suas constantes cobranças como professor , proprietário e diretor deste exemplar centro educacional.
Fica aqui o meu carinhoso registro a este educador que deixou um grande legado em varias áreas em Nossa Terra.

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Fui seu aluno no antigo Ginasio Santos Dumons,cujos proprietarios e direotres eram o Nicolau Pittela e o Amir Borges Ferreira. Ele era o porfessor de Portugues e Latin .Com ele aprendi muito de redação correta de leitura,,para a qual semrpe sugeria a Revista Seleções Readers Digest .E foi graçs a isso que aduiri a redaçao que utilizo ,hoje, em minha profissão de advogado.Cunha foi um excelente professor.Exigente,ás vezes na nossa juventude, até o achavmos chato. Mas, inigualável como professor das matérias que professava e ensinava. Hoje,na altura dos meus sessenta anos da profissão da advogacia, rendo-lhe homenagens pelo ensino da "ultima flor da lácio",que colhi no antigo e inesquecíbvel Gynasium Santos Dumont, centro da cultura que ali colhi para o resto de minha vida,
Descobri hoje estas crônicas e fiquei satisfeito com sua leitura, conhecendo um pouco mais dos personagens dessa cidade, onde passei quase 25 anos de minha vida, e que alguns dos quais tive o prazer de conhecer pessoalmente. Parabéns por resgatar essa memória pois com certeza são registros que nunca devem ser esquecidos. Abraços