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Santos Dumont versus Irmãos Wright

Data de Publicação: 23 de outubro de 2021 17:26:00 Nessa disputa que se estende por longos anos, prefiro ficar com Alberto Santos-Dumont, que disse: “A história não se escreverá, senão com o recuar do tempo e com os fatos e documentos.”

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Por Laurete Godoy  

Quando o assunto está relacionado ao inventor do avião, sempre haverá duas correntes.

Para os brasileiros a prova é inequívoca: foi Alberto Santos-Dumont o autor da façanha, e ela foi realizada em 1906. Por isso, no Brasil, ele é considerado Pai da Aviação.

Nos Estados Unidos, a honra coube aos Irmãos Wright. Segundo eles, o voo aconteceu em 1903, porém, pelo que eu saiba, não existe qualquer registro fotográfico. O que existe é a menção do fato em placas de automóveis que circulam em um estado norte-americano.

Todos os testes feitos com o primeiro aeroplano de Santos-Dumont foram fotografados e divulgados pela imprensa. Finalmente, na manhã de 23 de outubro de 1906, muitas pessoas dirigiram-se para o Campo de Bagatelle. Jornalistas de vários países estavam em Paris, para acompanhar a experiência de Santos-Dumont. Um problema na conexão do motor com a hélice impediu a realização da prova no período matutino, e ela foi adiada para a tarde. Às 16 horas, em meio à expectativa geral, o 14-Bis correu pelo campo e executou um voo de 60 metros. Esse desempenho foi registrado como o “Voo nº 1” na Federação Aeronáutica Internacional. Pela primeira vez, usando apenas os recursos da própria máquina, o homem conseguira elevar-se do solo, realizar um vôo mecânico e descer, manejando um aparelho mais pesado que o ar.

Se os Wright inventaram mesmo o avião em 1903, por que será que, nesse mesmo ano, Santos-Dumont foi notícia nos Estados Unidos? A companhia de Veículos a Motor de Columbus, Ohio, em julho de 1903, colocou anúncios nos jornais com o seguinte título: “O problema do automóvel resolvido por Santos-Dumont”. Além disso, tecia considerações sobre as características e qualidades de um novo automóvel, aconselhando os interessados a comprarem a potente e recém-lançada máquina, batizada com o nome do brasileiro. Santos Dumont – um possante automóvel norte-americano!

No ano seguinte, novamente Santos-Dumont foi notícia nos Estados Unidos. Em 1904 os III Jogos Olímpicos da Era Moderna foram realizados na cidade de Saint Louis. Os organizadores da Feira Internacional que seria promovida na cidade-sede decidiram realizar uma corrida de balões e convidaram Santos-Dumont para disputá-la. O brasileiro aceitou o convite prazerosamente. Foi aos Estados Unidos para participar do evento, porém, quando o dirigível nº 7 foi retirado da caixa, uma triste constatação: com uma faca, sabotadores haviam inutilizado o invólucro do aparelho, e o brasileiro não pôde disputar a prova da qual, certamente, seria o vencedor. Em sinal de protesto, Santos-Dumont deixou a cidade imediatamente.

Diante desses fatos, concedo-me o direito de tirar algumas conclusões nessa disputa de paternidade sobre o verdadeiro inventor do avião.

Fotos e documentos referentes às experiências do inventor brasileiro com o 14-Bis foram amplamente divulgados. Se não existe nada sobre o avião com o qual os Wright voaram em 1903, então: 1 x 0 para Santos-Dumont.

Se os Wright inventaram realmente o avião em 1903, por que será que, nesse mesmo ano, um possante e moderno automóvel norte-americano foi batizado com o nome de Santos-Dumont, e não com o nome dos Wright? Então: 2 x 0 para Santos-Dumont.

Se Santos-Dumont não fosse considerado o melhor do mundo em navegação aérea, por que o balão Santos-Dumont nº 7 foi maldosamente danificado e ele não pôde competir no torneio internacional que ocorreria, justamente, nos Estados Unidos? Então: 3 x 0 para Santos-Dumont.

E nessa disputa que se estende por longos anos, prefiro ficar com Alberto Santos-Dumont, que disse:

 

A história não se escreverá, senão com o recuar do tempo e com os fatos e documentos.”

Afinal, o óbvio possui uma evidência incontestável.

Para mim, o inventor do avião foi Alberto Santos-Dumont.

E estamos conversados...

* Placa norte-americana: acervo Terezinha Aparecida Nunes.

                                                                                                        São Paulo, 21 de outubro de 2021

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