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Povo cubano se rebela contra o comunismo e vai às ruas gritar por LIBERTADE

Povo cubano se rebela contra o comunismo e vai às ruas gritar por LIBERTADE

Data de Publicação: 12 de julho de 2021 20:52:00 A escassez de alimentos e a falta de vacinas contra a covid-19 estão por trás das manifestações na ilha

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Cuba vive deste domingo (11) as maiores manifestações das últimas décadas. Gritando “Abaixo a ditadura” e “Pátria e vida”, uma referência ao lema oficial do regime, “Pátria ou morte”, os cubanos saíram às ruas para protestar contra a mistura explosiva da carência de alimentos e da falta de vacinas contra a covid-19. A crise económica que a ilha sofre há anos foi agravada pela pandemia que afetou gravemente o setor do turismo.

Estes são alguns dos aspectos essenciais que ajudam a entender como se desencadeou essa explosão, estimulada e ampliada em todo o mundo pelas redes sociais, um desafio para o presidente Miguel Díaz-Canel, herdeiro de Fidel e Raúl Castro, e o primeiro líder em 62 anos de regime que não vivenciou a revolução:

Centenas de cubanos começaram a protestar no domingo nas cidades de San Antonio de los Baños, perto de Havana, e Palma Soriano, em Santiago, uma faísca que mais tarde se espalhou por todo o país. Em princípio, era um protesto contra os longos apagões de eletricidade e para pedir vacinação contra a covid-19. Logo depois, as demandas se transformaram em gritos por “liberdade” e exigências de mudanças políticas.

O protesto chegou ao Facebook e foi transmitido ao vivo, com slogans inusitados, como “Abaixo a ditadura” e “Não temos medo do comunismo”. Em vários pontos, como Cárdenas, a oeste da ilha, houve saques a lojas do Estado e ataques a carros da polícia.

O Governo reprimiu duramente os protestos e convocou os revolucionários a lutar contra as manifestações nas ruas, o que resultou em mais de uma centena de presos. Um fotógrafo espanhol da agência Associated Press (AP), Ramón Espinosa, foi atacado por agentes da ordem.

 Os protestos parecem ser o resultado do esgotamento causado pela longa crise econômica e sanitária, uma das piores da ilha desde o maleconazo de 1994, durante o chamado Período Especial, após a queda da URSS, quando centenas de cubanos saíram às ruas para protestar por causa da situação precária às vésperas da eclosão da crise dos balseiros. A ilha conseguiu manter o controle da pandemia em 2020 (contabilizou apenas 1.500 mortes) e liderou a criação de uma vacina própria (embora com uma distribuição precária), mas vem passando nas últimas semanas por um surto da doença que o coloca entre os mais perigosos da América Latina. No domingo, as autoridades informaram que havia 7.000 casos e 31 mortes, embora a oposição afirme que os dados reais são muito piores e que muitas áreas estão à beira de um colapso sanitário.

Uma economia estagnada. 

Com o motor econômico, o turismo, totalmente em recessão, a incidência do coronavírus se soma à inflação, aos apagões e à escassez de alimentos e produtos básicos. Em 2020, a economia se contraiu 11%, o pior dado em três décadas. No início do ano, o Governo cubano propôs um novo pacote de medidas econômicas que aumentaram os salários e as aposentadorias, mas também os preços. Na ausência de divisas, foram criadas lojas em moeda livremente conversível —onde só é possível pagar com cartão de crédito— nas quais se vendem alimentos e eletrodomésticos, enquanto nas lojas de pesos cubanos há cada vez menos produtos. Desde o mês passado não estão sendo aceitos “temporariamente” dólares em dinheiro, principal moeda com que os cidadãos recebem suas remessas. Havana culpa pela situação o embargo dos Estados Unidos.

Seguindo a linha oficial castrista, o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, não hesitou em culpar Washington pelos protestos. Em transmissão ao vivo pela rádio e televisão cubana, Díaz-Canel, acompanhado por membros de seu Executivo e do Birô Político do Partido Comunista de Cuba (PCC, o único legal), afirmou nesta segunda-feira que seu Governo busca “enfrontar e superar “o embargo decretado pelos Estados Unidos, que se agravou durante a presidência de Donald Trump (2017-2021). Ele também afirmou que os distúrbios visam “fraturar a unidade do povo”. Por isso, acrescentou, os manifestantes “receberam o que mereciam”, aludindo à repressão aos protestos. No mesmo domingo, Díaz-Canel já anunciava que “provocações não serão permitidas” e pronunciou o famoso mantra de Fidel Castro: “A rua é dos revolucionários”. O atual presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, expressou seu apoio ao povo cubano e a seu protesto pacífico.

Como tem sido a repercussão entre líderes da América

A América Latina reagiu de forma desigual aos protestos. Enquanto o Executivo mexicano chefiado por Andrés Manuel López Obrador defendeu como solução prestar ajuda ao povo cubano com “remédios, alimentos e vacinas”, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro vincula a situação de Cuba à da Venezuela. “Eles nos enviaram médicos quando precisávamos, centenas de médicos que salvaram vidas”, disse Obrador, referindo-se à crise da covid-19. Já Bolsonaro associou a repressão ao comunismo. “Sabe o que eles tiveram ontem? Borrachada, pancada e prisão”, declarou. Crítico de Havana, o presidente colombiano Iván Duque não se manifestou —assim como seus homólogos do Chile, Sebastián Piñera, e da Argentina, Alberto Fernández. Do Ministério das Relações Exteriores argentino, limitaram-se a informar que estão “acompanhando atentamente a evolução dos acontecimentos”. O silêncio oficial inclui a vice-presidenta Cristina Fernández de Kirchner, que mantém uma relação estreita com o regime castrista.

Fonte: Jornal El País

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