O Hospital Misericórdia de Santos Dumont (HMSD) enfrenta neste início de 2025 um cenário de dificuldade financeira causada pela queda de arrecadação nos últimos meses. Ivan Amorim, provedor do HMSD, esteve nesta terça-feira (8) na Câmara Municipal e expôs a situação aos parlamentares.  

"A gente tem feito uma verdadeira via sacra, fomos ao prefeito, nos reunimos com o conselho egrégio, estou indo também ao promotor da cidade. O objetivo é sensibilizar a todos pela continuidade do hospital. Nós estamos passando por uma situação difícil, onde houve uma queda significativa de repasse do estado e, paralelo a isso, não estamos recebendo emendas parlamentares que é o que fazia a conta da gente fechar ou perder de pouco. Houve um movimento em Brasília que paralisou as emendas", afirmou Ivan Amorim. 

O movimento citado por Ivan foi uma determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, que suspendeu no fim de 2024 o pagamento de mais de R$ 4 bilhões em emendas parlamentares por suspeita de irregularidades.

Na Câmara, o provedor fez uma apresentação de pouco mais de 1h aos vereadores, destacando a situação financeira da instituição e as dificuldades em arrecadar recursos. Segundo Ivan, as verbas do estado que sofreram diminuição estavam ligadas ao convênio Valora Minas e serviam para pagamento dos chamados "médicos da porta do hospital" assim como para ajudar na folha de pagamento da instituição. O convênio correspondia a R$ 340 mil por mês e caiu para 226 mil.

"Já as emendas parlamentares iam direto para medicamentos, materiais de segurança, limpeza, alimentação. Eram verbas carimbadas para essa parte", informou. 

Outro problema apontado durante a apresentação foi o aumento de demanda no hospital, já que os usuários não se veem atendidos pela saúde primária nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) nos bairros. Em fevereiro deste ano, o Portal 14B mostrou que o HMSD realizou 61.529 atendimentos no pronto-socorro em 2024. Os dados divulgados pela instituição de saúde correspondem a um aumento de serviço de 27%, em comparação aos números de 2023, período em que o hospital atendeu 46.043 pacientes.

"O Ivan falou do atendimento do hospital em 90%, isso é um déficit sério. Todos os hospitais filantrópicos são contratualizados para atendimento de 60% SUS. O hospital aqui em Santos Dumont atende a mais 30%, diante dessa redução do estado e de não recebermos neste momento as indicações para as emendas, o impacto está sendo muito agressivo na instituição", explicou Cláudia Paschoal.

Fotos: Gilberto Freire