Movimento no pronto socorro aumenta no pós-carnaval e sintomas de dengue são as maiores queixas
Data de Publicação: 16 de fevereiro de 2024 20:04:00 Casos suspeitos de dengue são notificados para o Departamento de Vigilância em Saúde do município e passam por análise
Por Peterson Escobar - Repórter...
O pós-Carnaval tem sobrecarregado o pronto socorro do Hospital Misericórdia de Santos Dumont (HMSD). O número de atendimentos diários que varia entre 120 e 150 em dias normais saltou para a faixa de 244 e 255 na quarta-feira de cinzas (14) e na quinta-feira (15), segundo levantamento realizado pela própria instituição a pedido do Portal 14B.
Alguns elementos contribuem para esse cenário, entre eles os excessos no período carnavalesco, mudanças frequentes de tempo e, claro, a epidemia de dengue que se alastra por grande parte do país.
"A gente tem tido um início de surto de dengue em Minas Gerais e no Brasil inteiro. Tem a mudança de tempo com chuva misturada com calor, isso tem causado muito problema respiratório. Então assim, não é só dengue que a gente tem visto, mas muitos quadros de rinite, sinusite, resfriados comuns. Com o Carnaval também o pessoal acaba desidratando, tem que ingerir bastante líquido, evitar chuva nesse momento e evitar também a troca de temperatura. Às vezes a pessoa está num ar condicionado e aí vai pra um lugar abafado, quente. A gente pegou alguns quadros assim", comenta Mário Lúcio Teixeira Junior, clínico geral do HMSD.
Na quarta-feira de Cinzas, primeiro dia pós-carnaval e que muitas pessoas voltaram de viagem, a maior queixa no pronto socorro foi de dor no corpo, febre, cefaleia e dor nos olhos, com 68 atendimentos. Em seguida, aparecem vômito (51) e dor de garganta (11).
Já na quinta-feira (15), dor no corpo, febre e dor nos olhos continuou liderando o ranking de atendimentos com 40; seguido por vômito (31) e gripe (30).
O dr. Mário Lúcio dá dicas do que fazer diante de alguns casos: "Pra amenizar é a questão de hidratar bem, usar um antitérmico, sempre um termômetro pra olhar a temperatura. Agora, no caso de uma febre alta, do sangramento em alguma mucosa, de um vômito que não para, vir sim para o pronto socorro para ser atendido, não tem outra opção. O ideal é quem tiver um quadro mais brando: febre baixa, se não tem tantos sintomas, consegue se hidratar, tratar em casa porque vai passar menos aperto porque o fluxo tem aumentado bastante nesse período de Carnaval", disse.
Todos os casos suspeitos de dengue no HMSD são notificados para o Departamento de Vigilância em Saúde do município, onde é realizado a confirmação ou o descarte do caso.
Confira a lista de atendimentos no pronto socorro:
NO DIA 14/02/2024 - Total de atendimentos: 244 atendimentos (incluindo injeção e curativos, e crianças) Crianças: 20 atendimentos de 0 a 11 anos
Principais causas:
- Dor no corpo, febre, cefaleia e dor nos olhos: 68
- Dor abdominal: 10
- Vomito: 51
- Cólica renal: 03
- Ansiedade: 03
- Dor de garganta: 11
- Hipertensão: 10
- Dor torácica: 05.
- Gripe: 03
- Queda: 06
- Lombalgia: 05
- Problemas urinários: 02
- RInite: 01
- Mordida de cachorro: 01
- Tonteira: 03
- Diarreia: 01
- Agressão: 01 Ferida: 04
- Diabetes: 02
DIA 15/02/2024 - Total de atendimentos: 255 atendimentos (incluindo injeção e curativos, e crianças) Crianças: 31 atendimentos de 0 a 11 anos
Principais causas:
- Dor no corpo, febre, e dor nos olhos: 40
- Vômito: 31
- Dor abdominal: 09
- Cólica renal: 09
- Problemas respiratórios: 06
- Hipertensão: 05
- Dor torácica: 10
- Gripe: 30 Queda: 09
- Lombalgia: 01
- Problemas urinários: 05
- Fraqueza geral: 03
- Dor de ouvido: 03
- Sangramento: 02
- Diarreia: 03
- Picada de aranha: 01
- Ferida: 04
- Cefaleia: 12
- Ansiedade 03
Dengue e Covid: quais são as diferenças?
É fundamental saber diferenciar os sintomas de dengue e de Covid-19. Apesar de ambas doenças terem sinais semelhantes, existem características que as diferem. Fazer essa distinção é extremamente importante para o tratamento, já que alguns medicamentos são contraindicados para dengue – e as duas infecções podem evoluir para quadros graves. Entenda a seguir.
Tanto a dengue, quanto a Covid-19 podem causar febre, dor no corpo, falta de apetite e perda de paladar. No entanto, é possível encontrar características divergentes entre as duas infecções.
“A dengue tem como característica principal a febre alta, acima de 38 ºC, uma mialgia intensa causada por dor muscular e articular e algo muito característico que é a dor atrás dos olhos, principalmente durante o movimento, apesar de esse sintoma nem sempre estar presente em todos os casos”, afirma Silvana Barros, infectologista e chefe do Serviço de Epidemiologia e Controle de Infecção da Rede Mater Dei de Saúde, em entrevista à CNN.
Além disso, a dengue pode causar, ainda, manchas vermelhas pelo corpo e, em casos mais graves, levar à dor abdominal intensa, sangramento nas mucosas, queda na pressão arterial e hepatomegalia (aumento do fígado). Essas são características da dengue hemorrágica, quadro mais grave da doença.
Por outro lado, a Covid-19 é caracterizada por sintomas respiratórios, como tosse, dor de garganta e coriza, principalmente em casos leves. Nos casos moderados a graves, podem surgir tosse e febre persistentes, falta de ar, desconforto respiratório e dificuldade para se alimentar, determinando um quadro de SARG (Síndrome Respiratória Aguda Grave).
“Quando há a ausência desses sintomas respiratórios e a presença de alguns sinais característicos da dengue, é possível fazer a distinção entre as doenças e conduzir o diagnóstico”, esclarece Silvana.
Testes são essenciais para diferenciar o diagnóstico
Saber identificar os sintomas de cada doença pode ajudar a diferenciar o diagnóstico, mas a confirmação somente é feita através de testes laboratoriais. Tanto no caso da dengue, quanto na Covid-19, é possível realizar testes rápidos, que identificam a presença do vírus em até 15 minutos.
Também é possível diagnosticar as doenças através do teste RT-PCR, que permite identificar o material genético dos vírus em amostras de secreção respiratória. Ele pode ser feito entre o 3º e 5º dia de sintomas de ambas as doenças.
Outra opção é o teste de sorologia, que identifica a presença de anticorpos no sangue para saber se o organismo desenvolveu resposta imunológica aos vírus da dengue e da Covid-19. Esse exame pode ser feito após o 6º dia de sintoma, em caso de suspeita de dengue, ou após o 10º de sintoma, no caso da Covid.
Transmissão
Se pensarmos em transmissão, dengue e Covid são bem diferentes:
- Na dengue, a transmissão é via mosquito Aedes aegypti. Ele pica uma pessoa contaminada, pega o vírus, pica outra pessoa e transmite a doença. Não passa de uma pessoa para outra. O que ajuda a evitar? Menos mosquito, repelente, cuidados em casa.
- Na Covid-19, a transmissão é pelo ar, por gotículas de secreções respiratórias de uma pessoa infectada. Ou seja, passa de uma pessoa para outra. Lembra da recomendação do uso de máscaras? Continua valendo.
Foto: Peterson Escobar
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