O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou neste domingo (8.jan.2022) intervenção federal na segurança pública de Brasília depois de manifestantes contrários ao resultado da eleição de 2022 invadirem e depredarem os prédios do Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e do Congresso.

Lula nomeou como interventor Ricardo Garcia Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça. A intervenção vale até 31 de janeiro deste ano.

O grupo responsável pelas invasões e depredações é o mesmo que faz manifestações em quartéis desde o fim da eleição de 2022. Eles receberam reforço de ao menos 80 ônibus de apoiadores do presidente que chegaram a Brasília no sábado (7.jan). Leia a íntegra do decreto (889 kb) Eles não se conformaram com a vitória de Lula sobre o agora ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em Brasília, estavam acampados em frente do quartel-general do Exército.

O presidente da República responsabilizou Bolsonaro e seus aliados pelos atos:

“Todo mundo sabe que tem vários discursos do ex-presidente da República estimulando isso. Ele estimulou invasão da Suprema Corte, estimulou invasão. Só não estimulou invasão no Palácio porque ele estava lá dentro. Mas ele estimulou invasão nos 3 Poderes sempre que ele pode. Isso também é da responsabilidade dele. É da responsabilidade do partidos que sustentam ele e tudo isso vai ser apurado com muita força e com muita rapidez”, declarou ele.

Ele se referiu a Bolsonaro como “genocida”. Também classificou os responsáveis pelas invasões e depredações como “vândalos”, “nazistas”, e “fascistas”. Além disso, ligou setores que apoiam o ex-presidente às cenas na capital:

“Muita gente que estava em Brasília hoje quem sabe sejam garimpeiros ilegais, quem sabe sejam madeireiros ilegais […] Aquele agronegócio, sabe, maldoso. Aquele agronegócio que quer utilizar agrotóxico sem nenhum respeito à saúde humana, possivelmente também estava lá”, declarou o presidente da República.

Lula também mencionou o agora ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, o bolsonarista Anderson Torres, e o governador Ibaneis Rocha (MDB). “O secretário de segurança [Torres] dele [Ibaneis] todo mundo sabe a fama dele de ser conivente com as manifestações. Então a intervenção vai cuidar disso”, declarou Lula. O presidente anunciou o decreto de intervenção em Araraquara, no interior de São Paulo. Ele visitava a cidade, governada pelo correligionário Edinho Silva (PT), para ver os estragos feitos pela chuva. “Todas as pessoas serão encontradas e serão punidas”, declarou Lula.

“Não existe precedente do que essa gente fez, e por isso essa gente precisa ser punida. E nós, inclusive, vamos descobrir quem são os financiadores desses vândalos que foram a Brasília. E todos eles pagarão com a força da lei esse gesto de irresponsabilidade, esse gesto antidemocrático, e esse gesto de vândalos e de fascistas”, afirmou. “Lamentavelmente quem tem que fazer a segurança do Distrito Federal é a Polícia Federal do Distrito Federal, que não fez. Houve, eu diria, incompetência, má vontade ou má fé das pessoas que cuidam da segurança pública do distrito federal. Não é a 1ª vez. Vocês vão ver nas imagens que eles estão guiando as pessoas na caminhada até a Praça dos Três Poderes”, declarou. O presidente eleito também afirmou que a polícia militar foi conivente com as cenas de vandalismo do grupo em dezembro, quando Lula foi diplomado. “Esses policiais que participaram disso não poderão ficar impunes e não poderão ficar na corporação porque não são de confiança da sociedade brasileira”, declarou. “É preciso que essa gente seja punida de forma exemplar”, afirmou. “Isso nunca tinha acontecido. Nem no auge da chamada luta armada nesse país nos anos 1970 houve qualquer qualquer tentativa de qualquer grupo fazer quebra-quebra na Praça dos Três Poderes”, declarou Lula.

Lêia o decreto na íntegra clicando aqui.