Era noite do dia 19 de agosto de 2021, quando um acidente de moto mudou a vida de José Carlos de Amorim. O auxiliar de pedreiro, de 54 anos, voltava para casa após o trabalho, quando se envolveu em um acidente na BR-040, próximo à Leiteria São Luiz, em Santos Dumont. No local e ainda consciente, ele teve uma das pernas amputadas e fraturou o outro membro na altura do acetábulo.

A filha, Daniela Amorim, 28, revela os detalhes daquela noite de choque para a família.

"Muito traumático. O pior foi pra ele, não desmaiou e viu tudo. Ele estava consciente e pediu alguém próximo pra amarrar a perna e não perder tanto sangue. Foi ele mesmo salvando a vida dele. Foi um susto muito grande porque nunca esperamos que vai acontecer com a gente. Vemos outros casos, nos sensibilizamos, mas no fundo a gente não espera que isso vai acontecer com alguém próximo", conta. 

José Carlos foi socorrido e levado para o Hospital Misericórdia de Santos Dumont, no entanto, não havia anestesista no local naquele momento, segundo a família. O sandumonense então precisou ser encaminhado para o Hospital Regional de Barbacena, iniciando uma luta pela sobrevivência.

"Meu pai fez duas cirurgias: uma para tirar o risco de morte e outra para ligar a bacia ao acetábulo. A amputação ocorreu perto da coxa e a outra perna estava fraturada", disse Daniela, que revelou ouvir os gritos de dor do pai ainda do lado de fora do HMSD quando ele recebia o atendimento na cidade natal.

Vakinha  

Foram pouco mais de duas semanas de internação até José Carlos de Amorim receber alta e poder se recuperar em casa. Porém, essa é apenas uma das vitórias de tantas outras que certamente estão por vir no novo ciclo enfrentado pela família. Um dos principais objetivos agora é arrecadar a quantia de R$ 60 mil para comprar uma prótese e arcar com os custos da reabilitação de José. Até esta manhã de terça-feira (05), cerca de R$ 4.600,00 foram arrecadados na campanha virtual criada por Daniela.

"Eu conversei com profissionais da área que me disseram que a prótese tem um valor que varia de 40 a 50 mil reais, já o restante do dinheiro é mais para a reabilitação mesmo, fisioterapia. Agora é um processo longo, medicação é cara, duas cirurgias, antibiótico, antiinflamatório, frauda, pomada, curativo, é muita coisa que eu e minha mãe estamos nos esforçando pra pagar", afirma a filha de José Carlos.

A jovem é a única integrante da família que permanece trabalhando e precisa se deslocar até Juiz de Fora de segunda à sexta-feira. Já a mãe, que até então era doméstica, precisou largar o emprego para voltar a atenção e os cuidados ao marido acidentado.

"Meus pais moram nas Perobas e eu no Córrego do Ouro. Sentimos muito porque tínhamos uma dependência muito grande dele, a parte financeira, a parte de um conforto de não depender do ônibus para ir visitar. Ele sempre me buscava porque os horários são muito ruins para chegar e sair da casa deles. Como meu pai quebrou a outra perna, não consegue fazer nada sozinho, então minha mãe precisa ficar por conta", diz Daniela.

Esperança

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece prótese em casos semelhantes, entretanto, o processo é longo. Além disso, a perícia do INSS também se arrasta por meses, principalmente pelo sistema de atendimento interferido pela pandemia. A prótese por meios particulares é, sobretudo, um fator anímico para que José Carlos persevere na batalha.

"O meu pai não foi o primeiro e não vai ser o último, mas a espera pela assistência do SUS pode gerar outros diversos problemas, como depressão, um ano sem andar e todos os problemas que isso pode acarretar. Tive a ideia da vakinha para facilitarmos. Meu pai está esperançoso sim, porque eu falei pra ele que graças a Deus ele está vivo, pode se recuperar e depende agora da prótese. Há pessoas que tem uma doença e sabem que não tem remédio, não tem cura. No caso dele não, se Deus quiser com a prótese vai poder seguir a vida. Claro, que tem horas que a gente fica abalado, quer estar junto mas não pode pelo serviço, mas ele tem recebido visitas dos familiares que dão um suporte emocional, uma conversa", conta Daniela.

A filha de seu José Carlos também revela que descobriu um apoio em meio à dificuldade de quem passa por situação semelhante. Em setembro, o Portal 14B mostrou que foi criada uma vakinha virtual com o intuito de ajudar a jovem Samara Pires, de 22 anos, que sofreu um acidente em Santos Dumont e também necessita de uma prótese.

"O acidente da Samara aconteceu perto da data do meu pai, então a gente acabou se unindo, passamos a conversar. Só conhecia ela de vista e agora ela serve de exemplo pro meu pai. Eu viro pra ele e falo: olha, pai, ela tá encarando tudo com muita força, não está deixando se abater, então você também não deixe. Aí ele vê que não é só ele que passa pela situação e fica mais confiante".

Quem quiser e puder ajudar na compra da prótese para José Carlos de Amorim, basta acessar o link https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajuda-para-comprar-uma-protese-para-jose-carlos. Outra possibilidade é a compra de uma rifa de uma cesta que é vendida na Biscoiteria do Pereira, localizada na Av. Presidente Getúlio Vargas, nº 160, no centro de Santos Dumont.

Em caso de dúvida ou mais informações, é possível entrar em contato pelo número (32) 9 8443-9077 ou pelas redes sociais de Daniela Amorim pelo @danielaamorim1221

"O pouco faz a diferença. Às vezes a pessoa pensa: não vou doar porque eu não posso contribuir com muito, mas na verdade R$ 5,00 ou R$ 10,00 fazem a diferença. Agradeço do fundo do coração quem ajudou até o momento", finaliza Daniela.

Foto: Arquivo pessoal da família / Divulgação Biscoiteria do Pereira 

Edição: Gláucia Rabello