Comida pra quem tem fome e abrigo pra quem tem frio, inclusive para os animais. Foi pensando assim que a ONG Cão Comunitário decidiu promover uma ação para minimizar os impactos do frio nos animais de rua em Santos Dumont. Casas de papelão, forradas com lençol e cobertores foram montadas em diversos pontos no centro da cidade para abrigar os bichinhos. 

Dois dos principais pontos de abrigo estão na Praça Cesário Alvim e no ponto de ônibus central, na Av. Getúlio Vargas. "São locais que têm muito cachorro à noite. Usamos papelão, pois é fácil de se conseguir e por dentro colocamos lençol, cobertas, algo que possa ajudar a manter o animal mais aquecido. Colocamos também sacos de lixo em algumas casas para evitar que molhem", explicou Priscila Novaes, uma das integrantes da ONG.

Santos Dumont chegou a registrar sensação térmica negativa nas madrugadas de sexta-feira (30) e sábado (31), o que aumentou a preocupação do grupo em relação aos animais. A Defesa Civil do estado também emitiu um alerta para que as pessoas tenham cuidado com os animais, principalmente ao risco de hipotermia.  

"Infelizmente temos muitos animais nas ruas e não há na cidade local que os possa abrigar, nem mesmo um espaço que possam dormir com segurança e se esconderem da chuva. Por conta disso, a ideia de tentar colocar nos pontos comuns algo que possa ajudar a esquentar nos dias mais frios, ficarem longe do sereno e da geada. A baixa temperatura acaba por piorar muitas vezes a saúde dos animais, então, a ideia é tentar proteger ao máximo e os manter seguros e saudáveis", disse Priscila.

A integrante da ONG Cão Comunitário também explica que a ação já foi feita anteriormente em locais afastados do centro. Perguntada sobre a "adesão" dos cães aos abrigos, Priscila conta que é um processo e é necessário ter paciência.

"Alguns animais não estão acostumados, então acabam não sabendo nem como usar. Vimos alguns que dormiam do lado da casinha, mas é uma questão que com o tempo eles acabam pegando confiança".

Abandono durante a pandemia

De acordo com a ONG, que atua há anos na causa dos animais, o número de abandono aumentou durante a pandemia. Priscila Novaes destaca a importância da responsabilidade ao adotar um animal. 

"Temos visto inclusive animais que não eram tão comum nas ruas, como os pequenos e inclusive de raça. A falta de responsabilidade ao levar um animal para casa, acaba fazendo com que as pessoas achem mais simples abandonar o bichinho, pois precisou se mudar ou não pode mais arcar com a alimentação, ou o animal está doente e não pode pagar um veterinário ou ainda, porque o animal ficou idoso. É muito importante que ao adotar o animal, a pessoa pense não só naquele momento mas no futuro. Um animal vive cerca de 15 anos, então a pessoa precisa estar preparada para se responsabilizar por todo esse período". 

Como ajudar

A continuidade e a ampliação do ato promovido pela Cão Comunitário está condicionada às doações que a ONG recebe. Segundo a organização, quem quiser ajudar, pode doar caixas de papelão, panos, lençol, cobertas, mesmo que mais velhas, sacos de lixo para colocar em volta da casinha e fitas grossas.

Toda a ajuda pode ser entregue à integrante Nayara, em horário comercial na loja Paulistana, localizada no calçadão da Antônio Ladeira. Em caso de doações de objetos em grande quantidade ou com peso elevado, é possível entrar em contato com a página, tanto pelo Facebook quanto pelo Instagram, para a busca ser agendada.

Fotos: Peterson Escobar