"Como outra qualquer", este é o título do livro escrito por 13 estudantes da Unidade Prisional de Santos Dumont. Os contos e poemas foram criados durante oficina ministrada por Graci Apolinário, que também é professora da Escola Estadual Cornélia Ferreira Ladeira.

A obra, realizada entre os anos de 2022 e 2023, contém textos sobre uma mulher chamada Maria. É através dessa personagem que os autores do livro expressam seus sentimentos, pensamentos e vivências.

"A Maria é uma personagem que veio de um conto que a gente estudou e foi criado pela Conceição do Evaristo no livro 'Olhos d'água'. Quando nós lemos, eles se identificaram muito com a Maria, que sofria muito. Ela é empregada doméstica, passava dificuldades financeiras, alimentar, não tinha tempo de conviver com os filhos por conta da profissão dela e, no final do conto, ela acaba morrendo por uma coisa que não é culpa dela", revela Graci.

Segundo a professora, foi a partir dessa identificação com Maria, que os textos dos alunos começaram a ganhar forma em um contexto social próximo ao deles, estereotipados, que vivem à margem da sociedade, que falta muita coisa, ou seja, são reflexões sobre o que eles viveram e vivem.

Lançamento do livro

O livro através do selo da editora independente, Autoria Casa de Cultura de Juiz de Fora, foi lançado oficialmente no dia 22 de dezembro de 2023 na unidade prisional e contou com a participação de Graci Apolinário; do professor de história, Ismaily de Carvalho; do diretor da unidade, Thiago Costa; e da gerente e representante da Sicredi, Keila Rosso, pois foi através do banco que Graci conseguiu uma verba para publicar o livro que acabou dando vida ao projeto 'Jovens Escritores'.

"A Autoria Casa de Cultura ganhou a oportunidade de participar e ver materializada a potência do livro. Ao longo do processo de produção, os afetos se espalharam, ampliaram-se possibilidades, perspectivas, esperança e a rede de pessoas e de instituições que acreditam na ressocialização, no papel da educação e no poder de um professor bem armado", declarou a editora.

Conforme Graci, os exemplares da obra foram destinados aos alunos, familiares, profissionais da escola e da unidade, uma vez que ele não pode ser comercializado.

"O fato de eles serem privados de liberdade na Unidade Prisional faz com que a gente não possa vender essas obras, elas são doadas", explicou.

Fotos: Divulgação