Hoje, dia 27 de setembro é comemorado o dia de São Cosme e São Damião, irmãos gêmeos que, segundo a crença cristã, exerceram a medicina aliada à fé, na região onde hoje é a Síria.

Cosme e Damião tratavam dos doentes sem aceitar remuneração, por isso foram apelidados de “anárgiros”, que em grego significa “sem prata". Por viverem em um mundo pagão, decidiram atrair as pessoas para o Cristianismo por meio da medicina.

O trabalho de evangelização dos irmãos atraiu a fúria de Diocleciano, governador e perseguidor do povo cristão. No ano 300 d.C foram presos, pois eram considerados inimigos dos deuses e acusados de usar feitiçarias e meios diabólicos para as curas que realizavam. Após três anos e três tentativas de tirarem a vida dos irmãos, ambos foram decapitados. Os irmãos foram reconhecidos como santos a partir do século sexto.

Hoje, São Cosme e São Damião são os padroeiros dos médicos, das faculdades de medicina e dos farmacêuticos.

Mas o que eles têm a ver com doces?

Nas religiões de matriz africana, eles são associados com entidades infantis. Por isso, há a distribuição de doces, para lembrar que as crianças gostam de doces. O orixá que normalmente é relacionado com São Cosme e São Damião é Ibeji, divindade que é representada por irmãos gêmeos.

A data de entrega de doces no Brasil não condiciona a entrega dos presentes às travessuras, nem exige fantasia como o Dia das Bruxas, apenas celebra com doçura a data dos santos.

A dona de casa Eunice Helena, de 50 anos, conta como as ruas de Santos Dumont ficavam cheias antigamente.

"A gente levava até mochila e sacolinha pra encher de doce, era tanta criança nas ruas que quase dava briga. Quando a gente voltava pra casa, abria a mochila e despejava tudo, muita maria-mole, pirulito, chiclete, pipoca... Era uma festa."

A tradição já perdia força com o passar dos anos, mas depois da pandemia da Covid-19, é raro ver crianças pelas ruas pedindo doces.

Como o caso da dona de casa Ana Paula, mãe de dois filhos que nunca saíram para pegar doce no dia de São Cosme e São Damião.

"Eu nunca quis levar meus filhos para pegar doce simplesmente por falta de costume, mas agora com o coronavirus, não dá pra confiar que tá tudo higienizado e muito menos que meus filhos vão respeitar as normas sanitárias, pois são crianças."

De acordo com a Igreja Católica, a data a ser comemorada é dia 26 de setembro, dia que os irmãos teriam sido decapitados. Mas a data que ficou no imaginário coletivo é a data celebrada na Umbanda e no Candomblé.

Fotos: Alto Astral / Peterson Escobar

Edição: Gláucia Rabello