A partir de agora a sede da 63ª Cia da Polícia Militar em Santos Dumont conta com uma sala exclusiva voltada para o atendimento de mulheres vítimas de violência doméstica. 

Uma solenidade com representantes de diversos órgãos públicos, como Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), poder judiciário, Ministério Público e secretarias municipais, marcou a inauguração do espaço, na última quinta-feira (12). 

A dupla de cabos da PM Wanderson de Paiva e Juliane Guimarães são os responsáveis pela Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica (PPVD), que atua na cidade há cerca de oito meses.

"A nossa sala é aqui mesmo na sede da 63ª Cia e tem uma entrada separada das demais. Às vezes algumas pessoas ficam ressabiadas de nos procurar, de fazer o contato, tem gente que não gosta de viatura na porta. Então a sala é boa por causa disso, a pessoa pode vir, ligar 190, fazer o agendamento", explicou Juliane. 

Atualmente, 20 famílias vem sendo acompanhadas de perto pela PPVD. O cabo Wanderson falou sobre o trabalho realizado durante esse período:

"Desde setembro do ano passado já fizemos 500 visitas às vítimas, autores, testemunhas, familiares. Nesse curto período, percebemos que surtiu um efeito positivo nas famílias que foram acompanhadas. Existiram casos de reincidência e voltamos lá para quebrar esse ciclo de violência", afirmou.

A verba no valor de R$ 10 mil foi viabilizada pelo deputado estadual Cristiano Silveira (PT), depois de um contato com o coletivo feminista Manas pelas Minas, que atua no município. Além da montagem e da pintura, o recurso foi suficiente para a aquisição de computadores e mobiliário para a sala.

Número de casos do gênero é considerado alto

Em Santos Dumont, o número de casos relacionados à violência doméstica é considerado alto. Quase que diariamente há pedidos de medidas protetivas, e a cidade já registra em 2022 um feminicídio consumado e outro tentado. A Polícia Militar destaca que é fundamental que as mulheres deem importância aos primeiros sinais de abuso para que a situação não se agrave.

Para mudar esse cenário, os órgãos públicos pretendem a partir de agora estreitar o diálogo e criar uma rede mais eficiente no combate aos casos de violência doméstica no município.

"Eu convoquei uma primeira reunião de vários setores que pudessem contribuir nessa rede de atendimento buscando torná-la mais eficiente. A gente sabe que é um problema complexo, que é difícil resolver isso rapidamente, mas a gente tem que procurar estruturar essa rede", disse Maria Cristina Trúlio, juíza responsável pelos casos da Lei Maria da Penha na cidade.

A juíza prossegue: "A gente busca estruturar os setores públicos para atender essas pessoas que muitas vezes se sentem constrangidas em serem ouvidas por qualquer pessoa que não tenha uma especialidade no trato com o tema. Estamos procurando capacitar os locais e também as pessoas que vão lidar com essas vítimas para que a gente rompa esse temor, esse constrangimento. Chega ao ponto de muitas delas se sentirem culpadas por serem vítimas por esse tipo de crime".

Imagens: Isabella Sad

Fotos: Gilberto Freire