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Minas retoma plano de vacinação para todos os adolescentes

Minas retoma plano de vacinação para todos os adolescentes

Data de Publicação: 18 de setembro de 2021 10:29:00 Secretarias de Saúde se descolam da orientação da União e anunciam que grupo sem comorbidades volta para fila da imunização. Mas dependem do envio de doses

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 Por Redação

Após receber o comunicado do Ministério da Saúde autorizando a vacinação contra a COVID-19 apenas em adolescentes com comorbidades, deficiência permanente ou privados de liberdade, o governo de Minas consultou autoridades responsáveis pela liberação de imunizantes para uso no Brasil e decidiu que todas as faixas etárias – dos 12 aos 17 anos – e grupos vão receber as doses do imunizante.

O secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, ressaltou, em entrevista, que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reafirmou a segurança da vacina para os adolescentes. “A Anvisa afirmou que não existe nenhuma restrição técnica da vacina para esse grupo. Diante disso, Minas está liberando, por meio da deliberação que já existia, a vacinação de todos os adolescentes, com ou sem comorbidades”, informou. “Dependemos agora é do envio de mais vacinas para iniciar a imunização desse grupo”, destacou o secretário. Na quinta, o estado havia informado que suspenderia a vacinação.

O documento a que Baccheretti se referiu é a Deliberação CIB-SUS/MG 3.508, de 3 de setembro de 2021, que aprova o uso do imunizante da Pfizer para vacinação contra COVID-19 de todos os adolescentes de 12 a 17 anos, bem como para dose de reforço – por ora destinada a idosos – no estado de Minas Gerais.

Na contramão

Outras unidades da Federação anunciaram que pretendem manter a vacinação dos adolescentes. Entre elas, São Paulo, que já imunizou 72% dos adolescentes. "São Paulo lamenta a decisão do Ministério da Saúde (…). A vacinação nessa faixa etária já é realizada nos Estados Unidos, no Chile, no Canadá, em Israel, na França, na Itália, entre outras nações. A medida cria insegurança e causa apreensão em milhões de adolescentes e suas famílias, que esperam ver os seus filhos imunizados, além dos professores que convivem com eles", diz nota do governo paulista.

A nova recomendação é de que os jovens de 12 a 17 anos sem comorbidades que tomaram a primeira dose da vacina contra a COVID-19 não retornem para a segunda. Ao anunciar a orientação, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, alegou “questão de cautela”. Ainda de acordo com o ministério, no caso dos jovens dessa faixa com comorbidades ou deficiência que tomaram a dose da Pfizer, única autorizada para esse grupo, deve-se completar a cobertura imunológica com a segunda.

O que diz a Anvisa

O uso da Pfizer para imunização de adolescentes no Brasil foi aprovado pela Anvisa em 11 de junho. Na quinta-feira, a agência informou que não há “evidências” que justifiquem a alteração da recomendação para uso do imunizante no grupo. A Anvisa confirmou que investiga a morte de uma adolescente de 16 anos que foi vacinada com a Pfizer, mas que pelos “dados disponíveis até o momento, não existem evidências que subsidiem ou demandem alterações nas condições aprovadas para a vacina” e que “os benefícios da vacinação excedem significativamente os seus potenciais riscos”. Segundo a agência, os dados recebidos sobre o óbito "ainda são preliminares e necessitam de aprofundamento para confirmar ou descartar a relação causal com a vacina".

Casos e óbitos em declínio no país

O número de novos casos e de mortes por COVID-19 no Brasil sofreu a maior queda desde o início de 2021, apontam dados divulgados ontem pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O recuo foi de 3,8% ao dia na última Semana Epidemiológica, entre 5 a 11 de setembro. O país registra agora 12 semanas consecutivas de redução nos óbitos.

Os dados constam da nova edição do Boletim do Observatório COVID-19 da instituição. A taxa de ocupação de leitos de UTI COVID para adultos está no melhor cenário desde que começou o monitoramento desse indicador. Apenas uma capital tem taxa superior a 80%: o Rio de Janeiro, com 82%. Duas estão na zona de alerta intermediária: Boa Vista (76%) e Curitiba (64%).

O relatório também mostra tendência de recuo no total de casos de COVID-19. Houve em média 15,9 mil infecções e 460 óbitos diários de 5 a 11 de setembro, com oscilações ao longo das últimas 12 semanas epidemiológicas. Esses níveis ainda são apontados como altos.

"Este novo quadro epidemiológico indica a efetividade da campanha de vacinação, que já vem cumprindo um dos seus objetivos: a redução dos casos mais graves de COVID-19, que necessitem internação ou que gerem óbitos", afirma o texto. "No entanto, diversos casos, mais leves ou assintomáticos, podem estar ocorrendo sem a necessária notificação e investigação epidemiológicas."

Síndromes 

A análise das síndromes respiratórias agudas graves (SRAG) – quadro que cresce junto com a COVID-19 – feita pelo InfoGripe/Fiocruz, indica tendência de melhora no país. Mas o relatório chama a atenção para a avaliação da média móvel das últimas semanas. Ela mostra que Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Goiás e o Distrito Federal ainda apresentam taxas acima de cinco casos por 100 mil habitantes. O número é considerado muito alto.

O Boletim afirma ainda que a redução dos casos e óbitos parece ser sustentada. Ressalta, porém, que com a disseminação mais homogênea da vacinação, os percentuais de casos graves e fatais tendem a crescer entre os idosos.

Segundo o relatório, desde que começou a vacinação entre adultos jovens, esta é a primeira vez em que as medianas de três indicadores relevantes – idade dos pacientes em internações gerais, internações em UTI e óbitos – ficou acima dos 60 anos. Mediana é um número que divide uma série de valores em metades.

"Isso significa que mais da metade de casos graves e fatais ocorrem entre idosos", diz o texto. "A proporção de casos internados entre idosos, que já esteve em 27% na SE 23 (6 a 12 de junho), hoje se encontra em 54,4%. Para os óbitos, que encontrou na mesma semana 23 a menor contribuição de idosos (44,6%), hoje está em 74,2%."

 

Foto: Peterson Escobar

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