O cineasta sandumonense Tiago Fonseca está comemorando o sucesso do curta-metragem ‘Papinha de Goiaba’, um conto de fadas sobre homofobia na infância, que faz parte de uma linguagem teatral, com duração de 15 minutos.

O curta exibido em mais de 40 festivais, já recebeu mais de 10 prêmios. A história é contada a partir das memórias do protagonista, Natanael, de 10 anos, que sofreu abusos na infância em Santos Dumont, entre eles, abusos sexuais, físicos, homofobia falada e homofobia estrutural. O enredo conta com Drag, uma espécie de fada madrinha que o ajuda a superar as memórias.

"O curta se propõe a fazer uma reflexão sobre como a gente negligencia as crianças que estão apenas sendo elas mesmas", relata Tiago.

Por opção do diretor e roteirista, estreante no mercado, os momentos de violência do filme não aparecem em tela, com o objetivo de que os momentos fiquem no imaginário do telespectador.

Conheça o cineasta

Nascido e criado em Santos Dumont, Tiago Fonseca se interessou pelas artes desde criança, em que, nos tempos de escola, teve a oportunidade de apresentar suas inúmeras possibilidades artísticas.

Tiago é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Artes Cênicas pela Faculdade Cal do Rio de Janeiro, e em Cinema pela AIC, também no Rio, além de ser pós-graduado em Roteiro para Cinema e Tv.

Paralelo aos estudos, Tiago se casou com o namorado, mudou para o Rio de Janeiro e lançou o curta que está rodando o mundo e proporcionando muitas alegrias e conquistas.

"O filme me dá muitas alegrias, mas foi feito de forma despretensiosa. Tem dois anos que ele está circulando, entre os mais de 40 festivais em que foi exibido, o Festival Mix Brasil de 2020, me encheu de orgulho por ser o maior festival LGBT+ da América Latina. Além da exibição em festivais na Itália, Índia, Peru, Colômbia e muitos estados do país", comenta o cineasta sobre a repercussão de Papinha de Goiaba.

Tiago tem muito interesse em exibir o curta-metragem em sua cidade natal, mesmo que a exibição seja financiada por ele mesmo. Entretanto, aponta a falta de incentivo às artes como um empecilho:

"Santos Dumont tem que valorizar mais os artistas locais, tem que ter um empenho da Prefeitura Municipal ou da iniciativa privada de fazer festivais, fazer mostras artísticas de cinema, teatro, circo, para buscar os sandumonenses que estão por todo o Brasil, e até pelo mundo para incentivar a população, inclusive nas escolas."

Homofobia no cenário nacional

Segundo dados do Observatório de Mortes Violentas de LGBTI+, mais de cinco mil mortes de pessoas representadas pelas letras foram contabilizadas em 20 anos.

Só em 2020, o preconceito matou, pelo menos, 237 LGBTQIA+. Uma queda de quase 30% se compararmos com os números de 2019, ano que o STF aprovou a criminalização da homofobia.

Fotos: Arquivo Pessoal

Edição: Gláucia Rabello