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Skatistas vivem expectativa pela construção da pista em Santos Dumont

Skatistas vivem expectativa pela construção da pista em Santos Dumont

Data de Publicação: 23 de setembro de 2021 18:04:00 Local escolhido foi o Tangará Tênis Clube. No entanto, apesar do 'ok' da Prefeitura, projeto precisa ser enviado à Caixa Econômica Federal até novembro para que o recurso de R$ 280 mil não seja perdido

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 Por Peterson Escobar - Repórter

Houve os que tentaram e não conseguiram, outros até se conformaram com a situação. Mas dessa vez, ao que tudo indica, a geração atual de skatistas de Santos Dumont terá um local apropriado para a prática do esporte na cidade. A tão aguardada pista de skate ficará localizada no Tangará Tênis Clube, no centro do município. Segundo o secretário de Obras e Serviços Públicos, Oscar Homem de Toledo, a pasta deu o 'ok' para o projeto e a documentação deve ser enviada em breve à Caixa Econômica Federal para ser apreciada.

"Nós vamos enviar a documentação para Gigov - Gerência do Governo da Caixa Econômica Federal, que é o órgão da Caixa que cuida dos convênios do Governo Federal, e assim que tivermos o retorno deles vamos dar continuidade ao processo. Mas já está sacramentado o Tangará como o local, essa escolha era a que mais atrasava o andamento das coisas. Uma vez que a Caixa der o sinal verde pra nós, a gente abre um processo licitatório", afirmou o chefe da pasta.

A Prefeitura, a princípio, tem até novembro de 2021 para encaminhar o projeto ao banco estatal. Oscar ainda detalhou quais os passos futuros relacionados ao tema: "Depois que a Caixa der o sinal verde aí é outro ritmo. A gente recebe a visita dos engenheiros da Caixa, precisaremos montar, planilhar e abrir o processo licitatório. O risco é zero de perder esse prazo", assegurou o secretário.

Santos Dumont até conta com uma pista de skate, localizada no bairro João Paulo II, antigo Jardim Jaraguá. No entanto, segundo os próprios skatistas, o projeto arquitetônico e sua execução, datados da primeira década dos anos 2000, não são ideais, causando inclusive, risco à integridade física dos praticantes. Com a falta de manutenção, dificuldade de acesso e outras inúmeras reclamações, a pista caiu em desuso ao longo dos anos.

"A Prefeitura tem a faca e o queijo na mão", diz o presidente da Associação de Skate de SD.

O recurso para a construção da nova pista de skate em Santos Dumont tem o valor de R$ 280 mil e é fruto de uma emenda parlamentar do fim de 2019 da então deputada Federal, hoje prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT).  Nesses quase dois anos, diversas reuniões foram realizadas entre os skatistas, a Prefeitura e o vereador Conrado Baptista (PT), parlamentar que desempenha papel central na luta para que o recurso seja aplicado. Todavia, o impasse pelo local de construção foi um dos responsáveis para que o projeto permanecesse estagnado nesse período.

A vontade da comunidade skatista, inicialmente, era que a pista fosse construída ao lado da Praça da Estação, porém, o local é alvo de um projeto do Executivo, que visa a criação de uma nova rua para maior fluidez no trânsito no centro da cidade. A Prefeitura chegou a liberar a construção da pista no conjunto habitacional Belvedere, no centro. Na época, a elaboração do projeto foi bancada em 90% pela MRS Logística, no entanto, um abaixo assinado dos moradores impediu que o planejamento caminhasse, impondo nova derrota aos skatistas. 

A espera e a falta de respostas nesse ínterim desanimaram muitos skatistas sandumonenses. Vários se afastaram e alguns até mesmo pararam de praticar o esporte. Os que permaneceram e mantiveram o sonho vivo, fizeram uma nova 'vaquinha' a fim de bancar um segundo projeto, dessa vez voltado para a construção da pista no Tangará. Em junho desse ano, Fabrício Andrade, secretário de Meio Ambiente, Turismo, Esporte e Lazer, por meio do documento 060/2021, oficializou o clube como local da pista. 

Para Marcello Filgueiras, presidente da Associação de Skate de Santos Dumont, agora que os maiores impasses parecem estar resolvidos, não há mais espaço para adiar a execução do projeto. "Agora considero que a Prefeitura tem a faca e o queijo na mão. Ela tem o recurso, tem o projeto e agora é só executar a obra. Perder o recurso é um medo real", disse.

O vereador Conrado (PT) também se mostrou preocupado em relação aos prazos e aos trâmites burocráticos que precisam ser cumpridos pela Prefeitura para que o recurso não seja perdido. Para o parlamentar, a construção dessa pista vai cumprir um papel fundamental no desenvolvimento não só do skate, como de outras modalidades no município.

“Falta lazer na cidade. Essa pista que deve ser construída não é exclusiva do skate, ela é uma pista para pessoas que andam de bicicleta, roler, patinete, é mais um atrativo para a cidade. Ela contribui para o município como um todo e contribui para desenvolver esse esporte que agora é olímpico.”

Desempenho brasileiro nas Olimpíadas, joia sandumonense e campeonatos

É inegável que o desempenho dos brasileiros nos jogos olímpicos de Tóquio aqueceu o coração de quem pratica ou pelo menos apoia o skate. As manobras e o carisma de Rayssa Leal, a 'Fadinha', e a imposição da dupla Pedro Barros e Kelvin Hoefler, certamente, vão inspirar gerações de skatistas por todo o país.

E Santos Dumont também pode, quem sabe, ter um representante figurando em um pódio olímpico. Afinal, a cidade abriga um talento no esporte, que como outros ao redor do país, se agarra na paixão pelo que faz para superar a falta de estrutura e apoio. A joia sandumonense atende pelo nome de Luiz Felipe, vulgo 40. O garoto de 15 anos, assim como os demais conterrâneos, anda de skate na Praça Cesário Alvim. O local, inclusive, desde 2016, conta com um Decreto e placas indicando a proibição da prática do skate, mas que são ignorados pelos skatistas. Na falta de uma área apropriada, a paixão pelo skate pulsa ali mesmo.

As primeiras remadas de Luiz Felipe em cima de um skate foram logo em um campeonato no Tangará, em 2017. De lá pra cá o sandumonense, apesar da pouca idade, vem acumulando experiência e já participou de torneios de skate fora da cidade natal. Ele conta como uma pista em Santos Dumont pode elevar o município de patamar e trazer benefícios para a comunidade.

"Ah vai mudar muita coisa. Muitas pessoas, inclusive de Juiz de Fora e Barbacena, quando viram o projeto se animaram pra vir andar de skate aqui em Santos Dumont. Eu nunca vi um projeto como esse, vai incentivar bastante o esporte aqui. A pista é a nível campeonato nacional street league. Com a pista, a cidade passa a fazer parte do cenário do skate. Vem campeonatos, vem premiações, isso incentiva todo mundo. Trazer olheiros pra cá, são pessoas que vão poder realizar o sonho do pessoal. Inclusive o meu, que é me tornar profissional", disse o jovem, que é fã do skatista juiz-forano Nicholas Dias.

Do ponto de vista da Associação, a ideia é que a construção da pista facilite a organização de campeonatos e consequentemente, amplie a competitividade do esporte na cidade, mas claro, sempre com espaço também para quem busca apenas o lazer.

"O skate, apesar de ser uma questão ligada ao lazer, quando você quer ir além, participar de um campeonato, você precisa treinar todo dia, evoluir, criar uma rotina. Tendo uma pista desse nível, vai fazer com que as pessoas busquem os torneios. Isso ajuda a desenvolver a parte competitiva do skate na cidade e que vamos colocar em prática logo após a inauguração. Pra você ter uma ideia, quando organizamos o campeonato no Estadual, tivemos que buscar rampas e obstáculos em Juiz de Fora, em um caminhão, era muito inviável". 

O Projeto da pista foi feito por Igor Rezende Viera Marques, que além de arquiteto e urbanista é também skatista e natural da cidade. Ter alguém com esses atributos envolvido nessa etapa do trabalho, faz a diferença no final das contas.

"Isso foi algo que nós da associação cobramos que acontecesse. Ter o Igor, que é um arquiteto envolvido com o skate, é saber utilizar melhor o recurso. Saber onde colocar um obstáculo, levar em conta a característica do estilo de skate praticado na cidade, a inclinação das rampas, tudo isso são detalhes que fazem a diferença. Só quem anda de skate sabe”, conta Marcello. 

E o presidente da Associação conclui: "A execução da obra também é fundamental. Hoje existem alguns moldes que você faz a inclinação perfeita e passa pro profissional que vai fazer a obra. Se fizer sem ouvir a comunidade do skate, vai gastar o dinheiro mal".

 

Fotos: Peterson Escobar

         Leonardo Costa

         Projeto Divulgação / Ilustração

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