O Departamento de Vigilância em Saúde creditou as supostas aplicações de doses vencidas da AstraZeneca em Santos Dumont a um atraso na troca de informações entre o município e o Ministério da Saúde. As quatro doses, no entanto, foram aplicadas dentro do prazo, segundo Odinéia Amorim, coordenadora da Vigilância, que falou por telefone com o Portal 14B na tarde desta sexta-feira (2).

"Como no Centro de Vacinação montado na quadra do São José não há computador, a digitação e o lançamento das aplicações da vacina não são feitas em tempo real, às vezes acontece até em outro dia. Na quadra, nós anotamos na ficha e depois levamos as informações para a Sala de Vacinas para serem digitalizadas. Aí o sistema do Ministério da Saúde computa a vacinação como no dia desse lançamento e não na data de vacinação em si. Tudo aqui em Santos Dumont foi feito dentro do prazo. Esses lotes citados tiveram as vacinas aplicadas antes do vencimento", garantiu a coordenadora.

Ainda segundo a Vigilância, o lote 4120Z005 (vencido em 14 de abril contendo 510 doses), por exemplo, chegou ao município em 29 de janeiro e foi utilizado ainda no mês de fevereiro, ou seja, dois meses antes do prazo de validade. Já o lote 4120Z001 (vencido em 29 de março e contendo 570 doses) chegou em SD no dia 1 de março e também teve as vacinas administradas dentro do prazo.

Entenda o caso

A suposta aplicação de doses vencidas da AstraZeneca veio à tona depois da publicação de uma matéria na Folha de S. Paulo nesta sexta, dando conta que cerca de 26 mil doses com prazo expirado teriam sido utilizadas até o dia 19 de junho em 1.532 municípios brasileiros.  

No ranking apontado pela matéria da Folha, das cidades que mais teriam aplicado vacinas vencidas, Santos Dumont aparece na posição 549º com 4 doses supostamente aplicadas fora do prazo. Três doses correspondem ao lote 4120Z001 (vencido em 29 de março) e uma ao lote 4120Z005 (vencido em 14 de abril).

"A gente tem um sistema de informação específico pra isso chamado SIPNI -Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações- que vai do município direto para o Ministério da Saúde. Isso deve ter constado como data do lançamento e não da data de vacinação. Esse sistema tem sido aperfeiçoado com o tempo, talvez nessa época pode ter tido algum problema", disse Odinéia.

De acordo com a matéria da Folha, todos os imunizantes expirados integram oito lotes da AstraZeneca importados ou adquiridos por consórcio. Um deles teria passado da validade no dia 29 de março. O que teria vencido há menos tempo estava válido até 4 de junho. Veja quais são eles:

O lote pode ser conferido na carteira individual de vacinação. Além disso, de acordo com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19, quem por algum motivo possa ter tomado um imunizante vencido precisa se revacinar pelo menos 28 dias depois de ter recebido a dose administrada equivocadamente. Na prática, é como se a pessoa não tivesse se vacinado.

O plano define, também, que cada indivíduo vacinado seja identificado com o lote da imunização recebida, o produtor da vacina e a dose aplicada. Isso é feito justamente para acompanhamento do Ministério da Saúde e eventual identificação de erros vacinais.

As vacinas desses lotes citados na matéria da Folha de S. Paulo foram distribuídas de janeiro a março pelo governo federal para todos os estados do país antes do vencimento. Elas somam quase 3,9 milhões de doses, das quais cerca de 140 mil não foram utilizadas dentro do prazo de validade, segundo a Folha.