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Manifestantes protestam em Santos Dumont contra o Governo de Jair Bolsonaro

Manifestantes protestam em Santos Dumont contra o Governo de Jair Bolsonaro

Data de Publicação: 19 de junho de 2021 15:52:00 Ato foi marcado por confusão entre manifestantes e fiscais da Prefeitura. Cerca de 50 pessoas compareceram ao protesto

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Por Peterson Escobar - Repórter 

Dezenas de pessoas foram às ruas de Santos Dumont protestar contra o governo do atual presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido). Os manifestantes começaram a se reunir na Praça Cesário Alvim, no centro da cidade, desde às 10h da manhã, e percorreram a Av. Getúlio Vargas, finalizando a manifestação no "calçadão" da rua Antônio Ladeira. A pauta central do ato pedia a saída de Jair Bolsonaro da presidência.

Cerca de 50 pessoas participaram da manifestação, que não teve nenhuma ligação partidária ou sindical, de acordo com os próprios integrantes. Gustavo Lima, 24, é um dos organizadores do ato. O estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) explica como esse movimento surgiu.

"Foi de uma maneira espontânea. Nos sentimos influenciados pelos movimentos nacionais, mas parece que todos tínhamos uma angústia, uma vontade de gritar contra esse governo. Então a gente se organizou nas redes sociais. Hoje tem aqui pessoas que não estão filiadas a partidos, tem gente do Coletivo Negro e do Coletivo LGBTQIA+, Juventude e Revolução, Levante Popular da Juventude".

Gustavo elucidou também as pautas do movimento e contextualizou os motivos das pessoas irem às ruas: "Nossa pauta principal é fora Bolsonaro, que é o que está sendo pedido nacionalmente e é o que nos une aqui hoje. Mas temos também pautas extras pra justificar esse fora Bolsonaro, como por mais vacinas, contra os cortes na educação, uma retomada do auxílio emergencial de R$ 600 para que as pessoas tenham uma segurança de ficar em casa e pare com essa disseminação em massa do vírus. Entedemos que não é um descuido do governo, é um projeto, eles cercearam vacinas como no caso da Pfizer, isso é um genocídio da população". 

Quando o ato chegou ao "calçadão" foi aberto um momento de fala aos participantes. Luana Stwilliams tem 22 anos e atua como professora particular. Na fala da jovem, ela expressou um momento difícil pessoal e explicou a necessidade do ato, mesmo em meio à pandemia.

"Perdi meu irmão por parte de pai há cinco meses para a Covid-19, justamente no dia do meu aniversário. É um choque, ninguém espera um momento desse. Ele estava em São Paulo e minha revolta é muito grande porque ele já podia ser vacinado por questões de comorbidades, mas não foi por conta da falta de vacinas gerada por esse governo. Eu estou aqui hoje por ele, mas também por você, pela sua mãe, pelo seu pai, vizinhos, essa é uma luta de todos. Eu tenho mais medo desse governo do que da pandemia", disse.

A manifestação ainda contou com arrecadação de alimentos e distribuição de máscaras PFF2, terminando por volta das 12h30 no "calçadão" da rua Antônio Ladeira.

Confusão com os fiscais terminou na delegacia

Logo no início do ato, fiscais da Prefeitura interviram na manifestação e solicitaram aos participantes a retirada de cartazes que estavam estendidos em varais, mesas obstruindo a via pública, além da proibição dos instrumentos musicais, sob o argumento que estes causavam um entretenimento que não é permitido por Decreto na atual fase de Santos Dumont. Diante da negativa e dos questionamentos de alguns dos manifestantes, houve bate-boca e tumulto.

Na sequência, uma das fiscais deu voz de prisão a um dos integrantes do protesto, identificado com Estefanio Richelle, o acusando de ter ameaçado um outro fiscal. Segundo testemunhas, Estefanio teria dito "Quero ver fazer isso na Vila Esperança". Nesse momento a Polícia Militar interviu e, em face da acusação da fiscal, encaminhou os envolvidos para a sede da 63ª Cia da PM, onde foi registrado um boletim de ocorrência de ameaça. Outros dois manifestantes também foram para a delegacia acompanhar a situação na posição de testemunhas.

Versão dos envolvidos

Quase três horas depois do ocorrido, Estefanio foi liberado e explicou a sua versão dos fatos ao Portal 14B. "Foi tudo muito exagerado. Desde o início quando estávamos organizando o ato, os fiscais já estavam alvoroçados. Mas até então tudo que eles pediram, nós fizemos. Depois na hora da confusão, por uma brincadeira que fiz com o fiscal que eu conheço, uma outra fiscal se exaltou comigo me dando voz de prisão. Tudo poderia ter sido resolvido lá mesmo de outra forma. Na minha opinião, os fiscais não tem preparo para lidar com a população e apaziguar esse tipo de problema", disse Estefanio.

Já Juliana Garcia, fiscal tributária da Prefeitura que deu a voz de prisão ao manifestante, também conversou com a reportagem e se posicionou sobre o ocorrido.

"Nós estávamos de plantão, éramos oito fiscais destinados para a manifestação. Em momento algum fomos proibir o protesto, mas temos todo um protocolo sanitário e de saúde pública para cumprir baseado em Decreto municipal e estadual. Já tínhamos orientado pequenos grupos em relação à segurança e prevenção, quanto às coisas que não poderiam ser feitas como: panfletagem, obstrução da via pública com mesas e bandeiras, adesivação, colagem de cartazes em patrimônio público, desrespeito ao distanciamento etc. Não somos injustos, mutos estavam com álcool gel, máscara e tudo mais. Mas, de acordo com o Decreto, como não é permitido som com intuito de entretenimento, procuramos alguns integrantes para conversar, e foi o que aconteceu de forma pacífica e respeitosa até um certo momento. No caso, o objetivo no uso do som era chamar atenção e pessoas para a manifestação, fato que não é permitido no momento.

Só que esse rapaz (Estefanio), enquanto eu estava conversando com outros manifestantes, passou por trás de mim gritando com outro funcionário. Os dois realmente se conhecem, contudo, o nosso fiscal disse que "não é para ele (Estefanio) confundir as coisas porque ele estava trabalhando". Nesse momento foi feito a ameaça. Foi aí que virei e falei pra o manifestante que ameaçou: não persiste, você está ameaçando um funcionário público nas atribuições do seu trabalho, você vai persistir? Ele continuou, pegou o instrumento e começou a tocar, tirou a máscara e disse "você vai me prender? Me prende!" Aí dei a voz de prisão por desacato ao funcionário público e ameaça, com auxílio da Polícia Militar. 

Ninguém até então estava exaltado, por mais que ele (Estefanio) fizesse parte da manifestação, o ato foi isolado dele. Conversando com os outros integrantes eu expliquei que o ocorrido não tem a ver com o protesto, mas sim com a falta de respeito que ele teve com o nosso funcionário", relatou Juliana.

Fotos: Peterson Escobar

Imagem da Galeria Luana Stwilliams que perdeu o irmão para a Covid-19 - Foto: Divulgação
Imagem da Galeria Gustavo Lima, estudante e um dos organizadores do ato - Foto: Peterson Escobar
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